- 01 de novembro de 2024
Professores roraimenses que venderam de forma parcelada os precatórios à empresa Benetti, de Curitiba (PR), com escritório montado no Centro Comercial Atriun, no bairro central de Boa Vista, denunciam que estão sendo lesados por Alípio Maggi, ex-procurador da empresa.
Ao comprar com deságio de 25% em cima do valor real dos precatórios, Maggi começou a ser denunciado principalmente por não cumprir os principais acordos feitos com os professores durante as negociações.
Prometendo pagar os títulos já super desvalorizados, em 13 prestações fixas mensais (uma entrada mais 12), o ex-procurador continua convencendo os professores a vender os precatórios. Contudo, quem negociou se arrependeu e agora lamenta o prejuízo. As parcelas estão atrasadas.
É o caso de Maria de Fátima Santana, 53 anos. Muito indignada, a professora disse durante entrevista que recebeu apenas a entrada. "E há quase um mês que venho lutando para receber uma parcela", reclamou.
Assim como Fátima, outros professores passam pelas mesmas dificuldades. O pior: Maggi não está mais sendo encontrado em seu escritório, no Atriun, nem no hotel onde estava hospedado, no Centro da cidade.
Os professores informaram ainda que o ex-procurador também deixou de atender ao telefone celular. "Temos medo que esse sujeito dê o fora e não nos pague. Falta eu receber mais de R$ 8 mil", comentou a professora.
Legal - A venda dos precatórios é legal e de responsabilidade dos professores. Portadores de crédito próprio, eles podem negociar com qualquer empresa. Contudo, devem ficar atentos com as ofertas e com os compradores.
Benetti - A Reportagem entrou em contato por telefone com a Benetti, sediada em Curitiba (PR). A Assessoria Jurídica da empresa admitiu que Maggi estava em Boa Vista a serviço, comprando precatórios dos professores, mas garantiu que ele foi demitido no mês passado.
Ainda segundo a Assessoria, a Benetti está pagando os professores que venderam os precatórios no tempo em que Maggi estava autorizado a assinar como procurador da empresa.
A Benetti informou ainda que não se responsabiliza mais pelas transações recentes feitas por Maggi. Ainda conforme a Assessoria, a empresa não tem mais nenhuma ligação com o ex-procurador.
Segundo os professores, Maggi está agora comprando os precatórios por conta própria. "Só vou vender se o pagamento for à vista. Não dá mais para acreditar em ninguém", disse ontem pela manhã, na frente do escritório da Benetti, a professora Ana Lúcia, muito desconfiada.
Mudou de endereço
A Reportagem foi ontem pela manhã ao escritório onde Maggi negociou os precatórios com os professores. Na sala, com energia cortada, apenas uma atendente prestava informações. Até ontem à tarde, o telefone do escritório (3624-3870) também encontrava-se cortado. "Ele não aparece mais", comentou um professor ao sair do Atriun.
No hotel onde estava residindo, no Centro da cidade, os recepcionistas informaram que o hóspede fora despejado na semana passada porque deixou de pagar as diárias. A Reportagem ainda tentou contato por telefone, mas em todas as ligações, o celular de Maggi, fornecido pela secretária, caía sempre em caixa postal.
Jornal mato-grossense já denunciou Maggi
A Reportagem também pesquisou na internet e descobriu que Alípio Maggi também já foi denunciado pelo jornal A Gazeta, de Mato Grosso, onde o primo dele, Blairo Maggi, é o governador do Estado. Leia abaixo, na íntegra, o que o jornal publicou no dia 06 de julho de 2004.
Primo do governador aplica golpes
O golpista e estelionatário Alípio Maggi, primo do governador Blairo Maggi, anda aprontando no interior de Mato Grosso. Usando o nome do primo governador e com muita lábia, Alípio aplicou golpes nas cidades de Santa Cruz do Xingu, Vila Rica, Cáceres, Pontes e Lacerda. Se intitulando representante da família e coordenador político de Blairo Maggi, o golpista Alípio se aproveita para tirar dinheiro da população do interior e aplicar golpes. "Ele vive de rolo e confusão", disse uma fonte palaciana. (A Gazeta - MT). Mais referências de Maggi, no site: www.24horasnews.com.br