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EDITORIAL - Entulhação desmedida

Por falta de opção, o eleitor macuxi terá que escolher entre o governador de plantão, tido como velho ranzinza, grosso, mal-educado e opressor, e Romero Jucá, figurinha carimbada nacionalmente como um poço de corrupção, que navega a partir da venda de madeira de terra indígena a desvio de dinheiro público, passando pelas estações da mentira deslavada, entre elas a de oferecer fazendas inexistentes como garantias de empréstimo em banco oficial.


Algo inadmissível para os dias atuais aconteceu na última quinta-feira. Diante da câmara da TV Roraima, o governador Ottomar Pinto (PSDB) bateu boca ostensivamente com um de seus auxiliares, o secretário estadual da Educação, professor Hildebrando Falcão. A cena teria sido cômica caso não agregasse em si o viés de autoritarismo que não se vê mais nem mesmo dentro da caserna. 

Passar o pito, "dar mijada" (linguajar chulo, porém peculiar nos quartéis) em público em subordinados era admitido antes da Constituição de 1988, quando o soldado não era cidadão. Hoje, todos são iguais perante a lei - do soldado ao general -, apesar dessa máxima incrustada no caput do artigo 5.º da CFB/88 nem sempre ser respeitada, haja vista que alguns são mais iguais que outros.

Ottomar, no alto de seus 74 anos de idade, precisa lembrar que já não está mais na ativa na Aeronáutica. Os tempos atuais não são os idos dos anos 60. A fila andou, mas parece que o velho brigadeiro não se deu conta disso. Hoje, as pessoas precisam ser tratadas com desvelo, com respeito.

Se lhe falta o respeito pelos subordinados, Ottomar precisa levar em conta pelo menos a condição de candidato em ano de eleição. Esse dado deveria lhe aplacar o destempero. O eleitor de hoje tem nova mentalidade. Sabe pensar e escolher o melhor. E o melhor não será ninguém que acredite ter o rei na barriga.

Aliás, os menores deslizes serão usados à exaustão pelos opositores durante a campanha eleitoral. Um exemplo foi o episódio do bate-boca. A TV Caburaí, de propriedade do senador Romero Jucá (PMDB), o maior adversário de Ottomar ao Palácio Hélio Campos, usou sem qualquer autorização as imagens da TV Roraima para alardear o disparate do governador roraimense.

Por falta de opção, o eleitor macuxi terá que escolher entre o governador de plantão, tido como velho ranzinza, grosso, mal-educado e opressor, e Romero Jucá, figurinha carimbada nacionalmente como um poço de corrupção, que navega a partir da venda de madeira de terra indígena a desvio de dinheiro público, passando pelas estações da mentira deslavada, entre elas a de oferecer fazendas inexistentes como garantias de empréstimo em banco oficial. Uma raposa!

A TV Roraima já decidiu que vai entrar com ação judicial contra a TV do senador, por ter sido lesada pelo uso indevido de suas imagens. Está mais que certa nessa decisão.

Enquanto isso, o consolo é a certeza de que o eleitor não vai engolir a seco tudo o que lhe empurrarem goela abaixo. Hoje, existe uma geração de eleitores formada por indivíduos pensantes, que sabem discernir a mão direita da esquerda. Os lobos travestidos de cordeiro serão, a tempo, desmascarados. Chega de entulhação!

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