Bancos antecipam até 100% da restituição do Imposto de Renda

Atentos ao calendário do Imposto de Renda (IR) - a entrega de declarações começou em 1 de março e vai até o dia 28 de abril - os principais bancos do país reabriram suas linha de antecipação da restituição. É possível financiar até 100% do crédito a receber, a juros que variam de 2,75% (caso do Banco do Brasil) a 3,5% ao mês (Unibanco). As taxas são bem mais baixas que as cobradas em outras linhas, como o crédito direto ao consumidor (3,5% ao mês) o empréstimo pessoal dos bancos (5,75%) e o das financeiras (11,63%), mas especialistas recomendam a contratação apenas em caso de real necessidade, especialmente para quitar dívidas com juros mais altos. Isso porque, como em qualquer empréstimo, em 12 meses as taxas da antecipação do IR são para lá de salgadas e pesam no bolso.

As taxas do Banco do Brasil, de 2,75% ao mês, significam, por exemplo, juros de 38,48% ao ano. Já o empréstimo do Unibanco, de 3,5% ao mês, corresponde a 51,11% ao ano. Para se ter uma idéia, a taxa Selic, que serve como referência para a economia, está hoje em 16,5% ao ano.

Procura pela linha cresce 50% no Banco do Brasil

Apesar disso, a procura pelas linhas tem sido elevada nas instituições. No Banco do Brasil, em menos de duas semanas o total de empréstimos superou os R$ 20 milhões, um movimento 50% maior que o registrado no mesmo período do ano passado. E é justamente esta a meta do banco para 2006: aumentar em 50% os R$ 360 milhões em crédito movimentados em todo ano passado:

- A procura tem ficado dentro das nossas expectativas. Os clientes costumam procurar este tipo de linha porque é um empréstimo adicional ao crédito já pré-aprovado a que têm direito. Após os gastos mais pesados com material escolar, IPVA e IPTU do início do ano, a demanda cresce, atingindo seu pico no fim de março - explica Denilson Molina, gerente-executivo de crédito para pessoa física do banco.

Zaqueu Ribeiro, gerente nacional de produtos de empréstimo da Caixa, também espera um aumento de 50% nas contratações devido à taxa baixa, a menor do mercado. Em 2005, foram fechados 25 mil contratos. Segundo ele, o empréstimo médio costuma ser de R$ 1.500 e nunca é inferior a R$ 500.

Em todas as instituições, para ter acesso aos recursos é preciso não apenas ser correntista, mas indicar na declaração que se pretende receber o crédito na restituição onde a linha será contratada. Os recursos são liberados mediante apresentação do recibo de entrega do IR.

A técnica administrativa Milene Lopes contratou a linha no ano passado, para arcar com as pesadas despesas de início de ano. Este ano, no entanto, pretende fugir do empréstimo:

- A taxa é mais baixa que a média do mercado, mas fazendo as contas a gente vê que pesa no bolso. Afinal, é um empréstimo como qualquer outro.

O economista Luís Carlos Ewald, da FGV, recomenda o uso da linha apenas quando estritamente necessário e alerta para o valor da Taxa de Abertura de Crédito (TAC), cobrada em todos os empréstimos.

- Não apenas o juro informado, mas também a TAC definirá o custo real do empréstimo. Fuja de taxas altas, que encarecem demais a linha de crédito - diz Ewald.