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A VERDADE IRÁ PREVALECER II (final) - Márcio Accioly

Montado em denúncias e processos dos mais variados, Filho sempre consegue escapar e se dar bem, muitíssimo bem. Quem não tem se dado bem é a população roraimense, especialmente a de Boa Vista, única capital brasileira a não possuir um pronto-socorro municipal. As verbas que vêm para a Capital não dão para nada.


O senador Romero Jucá Filho (PMDB-RR) deve muitas explicações à sociedade roraimense, agora que se encontra no 12º ano de mandato senatorial como representante do Estado no Congresso Nacional. Falta explicar, por exemplo, acusações que pesam a respeito do desvio de alguns milhões de reais destinados ao município do Cantá.

Falta esclarecer depoimento prestado ao Ministério Público Federal (MPF), pelo engenheiro eletricista Cláudio Roberto Firmino de Oliveira, que afirmou ser de sua propriedade a empresa de engenharia Soma. Os fatos extrapolaram!

Falta colocar em pratos limpos a gravíssima acusação. O engenheiro declarou ainda que foram desviadas seis centrais de ar condicionado (retiradas do terminal de ônibus do bairro Caimbé) para a produtora de Jucá Filho, localizada dentro do terreno da TV Caburaí.

Por que Jucá Filho não se pronuncia sobre o milionário Shopping de propriedade de seu irmão, Álvaro Oscar Ferraz Jucá, construído em Recife, capital de Pernambuco, às margens do rio Capibaribe? Será que nesse shopping foram empregados recursos financeiros desviados da Prefeitura de Boa Vista? Ou do Cantá? Ou da orla marítima?

Às vezes, tem-se a impressão que o senador crê que a população de Roraima é composta por um bando de imbecis. Como se sabe, ele veio para cá em 1989, nomeado para o governo do extinto território federal pelo então presidente José Sarney (1985-90). Em cerca de 16 ou 17 anos, enriqueceu aos pulos, prosperou visivelmente.

Montado em denúncias e processos dos mais variados, Filho sempre consegue escapar e se dar bem, muitíssimo bem. Quem não tem se dado bem é a população roraimense, especialmente a de Boa Vista, única capital brasileira a não possuir um pronto-socorro municipal. As verbas que vêm para a Capital não dão para nada.

O senador não diz uma só palavra a respeito do empréstimo milionário retirado do BASA - Banco da Amazônia S/A -, quando ofereceu como garantia sete fazendas inexistentes dentro do estado do Amazonas. Será que no Brasil o desvio de recursos financeiros públicos se encontra legalizado?

Será que a população já se encontra liberada para saquear supermercados e promover assaltos à mão armada? Como é que uma sociedade pode ser estruturada de maneira tão injusta e vergonhosa? Privilegiando a uns poucos e deixando a maioria de fora? Deixando que alguns façam suas próprias leis? Legitimando o roubo de alguns?

Romero Jucá Filho precisa mostrar como falsificou documentos na JUCERR - Junta Comercial do Estado de Roraima, papéis que trazem assinaturas do ano de 1999 (firmas reconhecidas em 2001), mas citando artigos do Código Civil Brasileiro de 2002.

Não, não se trata apenas de campanha eleitoral. De "armação política", como alega sua excelência, elaborada por quem não deseja vê-lo ocupar a principal cadeira do Palácio Hélio Campos no próximo ano. Os fatos vão muito além do que o argumento pretende fazer crer. Trata-se de fraude, de nítida ação criminosa.

O senador, porém, parece ter esgotado seu arsenal de truques. O prestidigitador, o mágico, o ilusionista que consegue condenar na Justiça quem ataca sua "honra", já não é mais capaz de aparecer com a cara limpa no meio da população. Apesar de ainda dispor de quatro longos anos de mandato, esvaziou seu discurso.

A sujeira começa a emergir em surpreendente velocidade. Fétida. Como se o peso submerso começasse a borbulhar na imundície que a desloca à luz da verdade. Será que a Justiça será feita? E o ilustre senador ver-se-á condenado pelos seus crimes? É preciso que tal aconteça para que a sociedade consiga se salvar e assegurar seu futuro.

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