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CPI quer convocação de Jucá

Sub-relatores da comissão que investiga denúncias nos Correios querem prorrogar trabalhos para iniciar investigação formal contra o senador de Roraima e sobre possível relação de "mensalistas" do PMDB . "Ficou muito difícil para o senador. Este fato é muito grave e forte. Esta informação muda a qualidade do relatório final", disse Gustavo Fruet (PSDB-SP).


Sub-relatores da comissão que investiga denúncias nos Correios querem prorrogar trabalhos para iniciar investigação formal contra o senador de Roraima e sobre possível relação de "mensalistas" do PMDB

Leonel Rocha
Da equipe do Correio

Gervasio Baptista/ABr/24.5.05
Romero Jucá: em gravação, ex-motorista do senador afirmou ter ido ao banco Rural sacar R$ 50 mil destinados ao parlamentar
 
A confissão do motorista Roberto Jefferson Marques, ex-funcionário do gabinete do senador Romero Jucá (PMDB-RR), de que sacou R$ 50 mil no Banco Rural em 2004 por ordem do empresário Marcos Valério levará o parlamentar a ser investigado formalmente pela CPI dos Correios. Com base na reportagem publicada ontem pelo Correio, o deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR), um dos sub-relatores da CPI, vai requisitar à PF a cópia da fita acompanhada de laudo pericial confirmando a identidade de Marques. "Ficou muito difícil para o senador. Este fato é muito grave e forte. Esta informação muda a qualidade do relatório final", disse Fruet.

Em conversa com um amigo gravada em fita cassete, Roberto Marques, conhecido como Xuxa, conta que recebeu ordem de Jucá para ir à agência do banco, localizada em um shoppping de Brasília, buscar o dinheiro. Quando o escândalo do mensalão foi denunciado, o motorista foi demitido do gabinete do senador e readmitido como funcionário da prefeitura de Boa Vista, comandada por Tereza Jucá, mulher do parlamentar. Gustavo Fruet acredita que esse fato é argumento suficiente para que as investigações da comissão sejam prorrogadas.

Mais prazo
"Se conseguirmos prorrogar o prazo da CPI, será imprescindível convocar o senador para depor", argumentou Fruet. No caso específico deste sacador do valerioduto, o sub-relator de movimentação financeira da CPI comentou que, se as provas forem produzidas pela PF, não haverá necessidade de tomar o depoimento do motorista de Jucá. Fruet lamenta que até hoje a comissão não tenha identificado todos os sacadores de recursos de contas de Marcos Valério. Ele acredita que a lista de beneficiários do dinheiro do empresário Marcos Valério pode ser ainda maior do que a comissão identificou até agora. "O aparecimento deste novo nome mostra que nem Marcos Valério nem Delúbio Soares (ex-tesoureiro do PT) contribuíram com os trabalhos da CPI", comentou Fruet.

A identificação de mais um sacador do valerioduto e a notícia publicada neste final de semana pela revista Veja de que o "mensalão" atingiria 55 dos 81 deputados federais peemedebistas, são também motivos usados pelo sub-relator para pedir a prorrogação dos trabalhos da CPI. Segundo a reportagem, o intermediário do dinheiro para o PMDB foi o advogado paranaense Roberto Bertholdo, ex-assessor do deputado José Borba na liderança do PMDB na Câmara e ex-conselheiro de Itaipu. Borba renunciou para evitar a cassação de mandato depois de descobertos saques nas contas da agência de publicidade Marcos Valério. Ainda não não há provas documentais de que o advogado recebeu dinheiro de caixa 2 para repassar ao PMDB na Câmara.

Novas denúncias
A revista diz ainda que a usina de Itaipu seria uma nova fonte para o caixa dois dos aliados do governo, com uma propina de US$ 6 milhões. Em nota, a direção da empresa nega. O apresentador Carlos Massa, o Ratinho, também aparece no escândalo, como destinatário de dinheiro do caixa 2 do PT para elogiar o presidente Lula e a ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy na campanha de 2004.

Outro sub-relator da CPI, o deputado Eduardo Paes (PSDB-RJ), também quer discutir a prorrogação da CPI . "Não podemos terminar a CPI deixando de esclarecer todos os assuntos. Ou se prorroga a CPI ou se forma outra comissão para apurar as novas denúncias, afirmou Paes, referindo-se tanto às suspeitas sobre Itaipu quanto a novas revelações sobre possíveis pagamentos de propinas a políticos por fornecedores de Furnas.

Há uma semana, o deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), relator-geral da CPI dos Correios, pediu a prorrogação dos trabalhos da comissão. O prazo maior seria necessário, segundo ele, para investigar as novas denúncias, como as ligações entre o presidente do Sebrae e amigo do presidente Lula, Paulo Okamotto, com o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e o publicitário Duda Mendonça. Tanto a CPI dos Correios quanto a CPI dos Bingos terminam, se não houver prorrogação, em abril.


Colaborou Fernanda Odilla

análise DA NOTÍCIA
Ainda há muito a esclarecer

Na reta final das apurações, os parlamentares da CPI dos Correios constataram que ainda não descobriram o verdadeiro tamanho do esquema operado pelo empresário Marcos Valério Fernandes de Souza para repassar dinheiro a parlamentares, o chamado valerioduto. Os cofres da comissão guardam documentos com dezenas de nomes de pessoas ainda não identificadas. Podem ser assessores de deputados e senadores ainda não envolvidos no caso, mas que receberam dinheiro do mensalão ou pelo caixa 2 de empresas privadas e estatais para o financiamento de campanhas eleitorais.

A revelação da identidade do ex-motorista do senador Romero Jucá (PMDB(RR), Roberto Jefferson Marques, conhecido como Xuxa, como um dos sacadores do valerioduto, mostra que dezenas de outros sacadores do dinheiro do valerioduto ainda não identificados podem envolver outros parlamentares. Estes sacadores foram intermediários de deputados e senadores para receber dinheiro ilegal que custearam suas campanhas ou financiaram o apoio de partidos da base do governo.

Fontes da CPI dos Correios acreditam que outros 20 parlamentares podem ter recebido dinheiro ilegal, além dos que já foram identificados e no momento estão à espera de julgamento no Conselho de Ética e no plenário da Câmara. A descoberta do motorista de Romero Jucá vai envolver o Senado na crise e pressionar as direções administrativas das duas casas do Congresso a enviar à CPI a relação de funcionários para serem comparadas com os nomes de sacadores ainda não identificados pela comissão. (LR)


Comissões com semana cheia

Da Redação

Após uma semana esvaziada pelo feriado do Carnaval, o Congresso retoma a partir de hoje as atividades de investigação. A CPI dos Bingos vai ouvir o depoimento de sete convocados esta semana. Na terça-feira, depõem Evaldo Rui Vicentini e Francisco das Chagas Costa. Vicentini foi tesoureiro do PPS e já acusou o PT de envolvimento com o crime organizado. Ele também afirma ter recebido proposta de propina do ex-secretário-geral do PT Sílvio Pereira, no valor de R$ 4 milhões, para que o PPS apoiasse a campanha de reeleição da prefeita de São Paulo, Marta Suplicy.

Vicentini sustenta, ainda, que o então prefeito petista de Santo André (SP), Celso Daniel, foi morto por integrantes de um esquema de corrupção supostamente montado pelo PT. No mesmo dia, ainda será ouvido Francisco das Chagas Costa - motorista que prestava serviços, em Brasília, para Vladimir Poleto, Ralf Barquete, Rogério Buratti e Roberto Carlos Kurzweil.

Na quarta-feira, a CPI colhe os depoimentos de Mauro Pereira Júnior, Marilene do Nascimento Falsarella e de Paulo Antônio Henrique Negri. Mauro foi funcionário da prefeitura de Ribeirão Preto quando da segunda gestão de Antonio Palocci. Mauro cuidava do gerenciamento do serviço de varrição e verificou irregularidades nos serviços de limpeza urbana, que ficavam a cargo da empresa Leão&Leão. Negri foi o engenheiro que substituiu Mauro quando de sua saída da prefeitura. Já Marilene é servidora pública da prefeitura paulista há 22 anos.

Na Câmara, as atenções estão voltadas para a CPI dos Correios. Na terça-feira, a sub-relatoria de Fundos de Pensão tomará o depoimento do ex-secretário de Comunicação do PT e ex-assessor de José Dirceu na Casa Civil, Marcelo Sereno. Ele é acusado de manipular o fundo de pensão Nucleos - dos empregados das estatais de energia nuclear - e de usar a entidade para desviar dinheiro para campanhas eleitorais. A CPI promoverá dois dias depois acareação entre os representantes do fundo de pensão da Eletronuclear (Nucleos) Paulo Roberto de Almeida Figueiredo, Fabiana Carneiro Carnaval e Gildásio Amado Filho.

Na quarta-feira, será ouvido pela sub-relatoria de Fundos de Pensão o doleiro paulista Lúcio Bolonha Funaro.




 




 

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