- 01 de novembro de 2024
Despreocupado
Em menos de semanas o nome de Romero Jucá volta a aparecer em letras garrafais acusado de traquinagem pública. Agora, o ex-motorista do senador, Roberto Marques, o Xuxa, confessa numa gravação ter sacado R$ 50 mil reais do esquema do publicitário Marcos Valério, do Mensalão, para Jucá. Diante de acusação tão grave, Romero não respondeu pessoalmente, mandou seu gabinete preparar uma nota curta e seca a respeito do assunto. "O senador Romero Jucá repudia a acusação e afirma, veementemente, que não teve ou tem envolvimento de qualquer espécie com o Banco Rural ou com os saques atribuídos ao esquema chamado valerioduto". Esperava-se mais indignação. Só lembrando, o depoimento que culminou na cassação de Fernando Collor foi do motorista Eriberto França, que confirmou que o esquema PC bancava despesas pessoais do então presidente e sua mulher, Rosane Collor. A confissão - verdadeira ou não - de Xuxa, no mínimo, merecia mais atenção de Romero Jucá, que tem o nome batido e encardido em denúncias de corrupção e desvio de dinheiro público.
"Não sei de nada!"
No dia 4 de fevereiro a coluna gravou contato por telefone com Roberto Marques, o Xuxa, que depois de alguns segundos calado, disse: "Não tenho nenhuma denúncia a fazer. Não sei de nada!". E desligou o telefone. Durante os oito meses que ficou desempregado, Xuxa lembrava bem do dia em que foi ao Brasília Shopping, onde fica a agência do Banco Rural para pegar a encomenda que alegou ser para Romero Jucá. Agora, contratado recentemente pela Prefeitura de Boa Vista, Xuxa nega tudo.
"Peguei e gastei".
Pelo o que afirma na gravação, Xuxa desfrutava de grande intimidade com Romero Jucá. "Outra vez eu falei com ele e disse: Senador se o negócio(retirada no Rural) pegar me fale que eu assumo, digo que peguei o dinheiro e gastei".
"Fique tranqüilo".
Perguntado como Romero Jucá reagiu quando o escândalo do mensalão estourou, Xuxa disse: "Cara, tu conhece bem o Romero, tu sabes como ele é, ele te deu uma ordem e tú cumpriu, noutro dia ele nem lembra mais, tú podes matar um cara que noutro dia ele toma café contigo e nem toca mais no assunto, isso é coisa morta pra ele. E ele nesse caso só me disse: "Xuxa, não se preocupe, fique tranqüilo". Foi o que ele me disse".
Desconfiança
Embora seja da intimidade de Jucá, Xuxa não desfruta da mesma confiança por parte da prefeita Teresa Jucá e de sua mãe, dona Aurélia Surita.
"Mãos atadas"
"Não é possível. Ele foi um dos mais solícitos. Me ligava constantemente para saber como as coisas (investigação sobre o envolvimento de Roberto Marques, seu assessor que teria feito o que Xuxa diz que fez) andavam. Prestando sempre solidariedade". A estupefação é do ex-ministro José Dirceu, maior prejudicado com a retirada que foi feita com o nome "Roberto Marques", se referindo a Romero Jucá. O Fontebrasil procurou José Dirceu, e sobre o assunto ele se considerou com "as mãos atadas", pois Romero Jucá é da base aliada do presidente Lula, é do PMDB partido que o presidente quer ter como parceiro na chapa de reeleição. Dirceu, no entanto, não disfarçou a irritação com a suposta traquinagem da qual teria sido vítima.
Na esteira
No bojo, a situação de Romero Jucá fica delicada no Senado. Terá que ir à tribuna desmentir - mais uma vez - tudo do que é acusado. Só lembrando outro fato, Antônio Carlos Magalhães, José Roberto Arruda e Jader Barbalho juraram na tribuna do Senado que não faltaram com o decoro, e dias depois acabaram tendo que renunciar para não serem casados.
Troca
Concorrer ao Senado pode ser uma opção para Romero Jucá.
Ladrões e mentirosos
Muita gente já leu "Alí Babá e os 40 ladrões", "Assalto ao trem pagador", "Pinóquio", "As aventuras do Barão de Mucahusen". Tudo leitura recomendada para quem gosta de aventuras de ladrões e mentirosos. A PF tem também delcarações boas nesse estilo de leitura.
Pano pra manga
"A vida de Romero Jucá não dá apenas um livro cheio de traquinagens, mas dá prêmio também. "Um ministro em maus negócios", série de reportagens de Rubens Valente, Josias de Souza e Marta Salomon sobre as denúncias envolvendo o então titular da Previdência, Romero Jucá (PMDB-RR) recebeu o Prêmio Folha de reportagens.