- 01 de novembro de 2024
Edersen Lima, Editor
Brasília - Que o Senado não use de dois pesos e duas medidas, onde um senador é denunciante de suposta invasão de uma propriedade sua ao mesmo tempo em que é denunciado de desvio de dinheiro e material públicos. Essa foi a tônica do discurso do senador Mozarildo Cavalcanti, feito a pouco na tribuna, cobrando que a Casa apure as denúncias feitas e contra o senador Romero Jucá.
No dia 21 passado, demonstrando indignação Romero pediu urgência para usar a tribuna e denunciar que sua "casa" havia sido invadida por "assessores do governador Ottomar Pinto". Na oportunidade, Jucá chamou Ottomar de "bandido".
Apurou-se depois que a "casa" era a produtora de vídeos do senador e que não havia nenhum assessor do governador e sim, dois repórteres que alegam terem sido detidos na calçada vizinha à produtora.
A assessoria de Jucá passou, então, a divulgar que houve "tentativa de invasão". Porém, não se explicou ainda como, se houve uma "tentativa", os dois repórteres foram encontrados pela Polícia detidos dentro das instalações da produtora do senador.
Romero Jucá foi acusado em depoimento prestado no dia 31 de janeiro passado, pelo engenheiro elétrico Roberto Cláudio Oliveira ao Ministério Público Federal de ter superfaturado os valores de quatro obras realizadas pela Prefeitura de Boa Vista, além de desviar para a sua produtora de vídeos, seis centrais de ar condicionado.
Imagem
"O quê mancha mais a imagem do Senado: quando um de seus membros é acusado de corrupção e desvio de dinheiro público ou a suposta invasão de uma propriedade sua?", questionou Mozarildo. "Confesso que me sinto magoado com tudo isso. Mas é meu dever de defender tanto a imagem do meu estado, como a do Senado. Não podemos fazer de conta que esta Casa é uma confraria que protege seus membros e que não apura o que eles fazem".
Histórico
Mozarildo fez um relato oposicionista de Romero Jucá, que persegue o cargo de governador há 16 anos. "Em 1990 ele perdeu para Ottomar. Em 1994 o seu candidato perdeu para Neudo Campos que, em 1998 se reelegeu vencendo nos dois turnos a sua esposa, Teresa Jucá. Nesse tempo todo, o senador(Jucá) fez oposição desmedida, não se preocupando com a imagem de um estado novo como Roraima, não tendo parâmetros para atingir seus objetivos políticos", comentou.
No dia 12 abril do ano passado, Jucá afirmou em entrevista(ver recorte abaixo) à repórter Christiane Samarco, de O Estado de S. Paulo, que foi o autor da denúncia que levou 53 pessoas para a prisão acusadas de participação no caso gafanhotos.
Com 10 anos de Senado, e 10 anos atuando como líder dos governos FHC e Lula, Romero Jucá não quis ou não teve competência para solucionar a questão fundiária. Em 2003, o ex-ministro da Reforma Agária Raul Jungmann, disse que o senador poderia ter resolvido o problema, não o fazendo porque a medida beneficiaria o governador de plantão, nesse caso, Neudo Campos.
No início de 2005, enquanto Roraima ardia em protestos contra a homologação da Raposa/Serra do Sol, Romero e Teresa Jucá viajaram para fora do estado e não se pronunciaram com o ato assinado pelo presidente Lula. Semanas depois, o senador foi nomeado ministro da Previdência.
Recorte da matéria em que Jucá afirma ser autor das denúncias do caso gafanhotos.