- 01 de novembro de 2024
Findo o carnaval, o ano brasileiro de 2006 parece que irá deslanchar. Não agora, nesta quinta-feira (quando a maioria ainda está de ressaca e ninguém é de ferro), mas a partir da segunda-feira, dia mais propício para a assunção de responsabilidades.
E vai aumentar a pressão para quem pretende ser candidato, no verdadeiro drama da contagem oficial dos últimos dias de permanência em cargos executivos.
A prefeita de Boa Vista, Teresa Jucá (PPS), cercada de denúncias de corrupção por todos os lados (e preocupada com a possibilidade de deixar boca rica de contratos milionários, como o do aguaçal das flores e o da coleta do lixo), hesita com justa razão. É que virão inevitáveis cobranças e a situação tende a ficar feia, muito feia.
Em plena sexta-feira de carnaval, quando a atenção da população se concentrava na folia, o IBGE divulgou números referentes ao PIB (Produto Interno Bruto), mostrando que a economia brasileira cresceu apenas 2,3% em 2005.
O presidente Dom Luiz Inácio (que determinou alardear nos quatro cantos ter parado de beber), anunciara no dia 31 de agosto daquele distante 2005 que iríamos a 5% de crescimento do PIB. Talvez tenha sido afirmativa não muito confiável de quem ainda bebia. Como agora diz que deixou o vício, resta-nos aguardar novas promessas.
O fato é que a situação só melhorou para os bancos. A cada ano que passa, eles aumentam seus lucros, batendo todos os recordes. E, mais interessante, as contribuições bancárias "para os caixas do PT nacional e do estadual de São Paulo (de 2002 a 2004) saltaram de 520 mil reais para cinco milhões e 700 mil reais".
Significa que quanto mais ganham dinheiro, mais os bancos ajudam o PT, já que uma mão lava a outra. Interessante constatar que era isso (os lucros imorais dos bancos), exatamente o que o Partido dos Trabalhadores mais combatia quando na oposição. Por isso é chamado agora de Partido dos Traidores e outros epítetos.
Como tudo na vida passa velozmente e a memória humana é fraca (se não nos fosse possível esquecer, certamente o sofrimento seria muito maior), ninguém comenta mais aquela afirmação de Dom Luiz Inácio (PT-SP) que chegou a nos garantir em 2003 um "espetáculo do crescimento" e outras baboseiras, ao tempo em que bebia sem parar.
Na mesma sexta-feira carnavalesca (24), o senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR), enviou ofício ao presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), reclamando providências imediatas na apuração de denúncias contra o senador Romero Jucá Filho (PMDB-RR).
É que o senador Filho, em discurso violentíssimo (dia 21), acusou o governador de Roraima, Ottomar de Sousa Pinto (PSDB), de ser responsável pela invasão de seu escritório político e de sua residência em Boa Vista. De imediato, os senadores Romeu Tuma (PL-SP) e Tião Viana (PT-AC) determinaram que os fatos fossem apurados.
Filho, no desregrado discurso, chamou o governador inclusive de "bandido". Coisa própria de quem se encontra no desespero. Ao se pronunciar de forma desvairada, admitiu ser dono da TV Caburaí. E um dos pedidos de cassação no Conselho de Ética do Senado é justamente em função de tal ilegalidade.
O fato é que o Senado ainda não se dignou apurar nada com relação a Filho. E sua imagem institucional (a do Senado) vai se enodoando. Porque, além de tudo, existe denúncia de desvio de alguns milhões de reais (praticado pelo senador), os quais foram destinados ao município do Cantá (RR) e sobre o qual nada se comenta.
O Senado não deve se utilizar de dois pesos e duas medidas. Tem de apurar tudo e se preservar como instituição. Aquilo lá não é um covil de salafrários. É?
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