- 01 de novembro de 2024
Existe clara tentativa de se desviar a discussão do ano eleitoral em curso, cujo pleito se situa a anos-luz de distância (sete meses e dias, até que se alcance outubro), retirando-a da esfera política para que se processe no campo pessoal. Exercício perigoso e inútil, insistentemente repetido.
Perigoso, porque exacerba ânimos e inútil por nada trazer de positivo. Irá tão somente alinhar partidários mais exaltados de correntes interessadas na disputa, numa profusão de vitupérios que obscurecem a inteligência. No acirramento artificial de tensões, o desfecho preocupa.
É o tipo de procedimento que só interessa mesmo aos que devem explicações de todos os matizes à população, mas se escondem no biombo da dissimulação. Para evitar que se investigue o que deve ser apurado em plena luz do dia.
O que causa preocupação é o fato de o senador Romero Jucá Filho (PMDB-RR) estar se considerando acima do bem e do mal. Todas as ilicitudes cometidas por Filho, ao longo de pervertida vida pública, têm sido desprezadas por autoridades constituídas. É inegável a força exibida pelo senador em todas as esferas, em especial na jurídica.
O mais preocupante é observar que a prefeita de Boa Vista, Teresa Jucá (PPS), envereda pelo mesmo caminho.
Condenada "por desvio de dinheiro público e apresentação de notas fiscais falsas na construção do Hospital Santo Antônio", ela é apontada agora como cúmplice do senador em arranjos efetuados com a Construtora Soma. Formação de quadrilha.
O engenheiro eletricista Cláudio Roberto Firmino de Oliveira, que trabalhou alguns anos na Soma, afirmou em depoimento ao Ministério Público Federal que aquela empresa, na realidade, pertence ao senador.
Some-se a isso o fato de o Ministério Público Federal e a Controladoria Geral da União terem constatado superfaturamento e desvio de recursos públicos em algumas obras realizadas pela prefeitura, para complementar um quadro surrealista: cidadã eleita para cuidar do interesse público, flagrada tratando apenas do enriquecimento pessoal.
A conjuminância das ações deletérias praticadas por esses dois mandatários, deixa qualquer um de boca aberta e olhos esbugalhados. Mas ainda se comenta que possivelmente a prefeita irá renunciar ao cargo que ora ocupa (no final de março), pois pretende sair candidata ao Senado.
A gestão presidencial FHC (1995-2003), ficou conhecida como o período mais ruinoso para a história do Brasil. Desnacionalizou a economia em 78%, vendeu quase todas as estatais, minou a Petrobras e tentou entregar a Base de Lançamento de Alcântara, no estado do Maranhão, ação por bem pouco impedida.
FHC destruiu quase tudo de positivo legado pela administração daquele considerado o maior presidente da história da República, Getúlio Vargas. E ainda teve o desplante de anunciar, com sarcasmo e cinismo, "o fim da Era Vargas".
No seu primeiro mandato (1995-99), associado ao então ministro Sérgio Motta (Comunicações), FHC plantou as bases da derrocada nacional a ser posta em prática em menos de uma década! Aí, imaginou-se que Dom Luiz Inácio seria capaz de reverter tal ignomínia, como espécie de paladino da moralidade e a coisa deu no que deu.
Mas FHC foi mais distante: fez aprovar lei que remete ao STF os processos envolvendo "autoridades". Por isso a avidez por postos eletivos. O real julgamento de Teresa (e do senador Jucá Filho) só será iniciado com a derrocada das urnas. Está nas mãos da população de Roraima a responsabilidade inalienável com seu próprio destino.
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