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EDITORIAL - Puro relincho

Tudo teatro, onde uns fingem que estão indignados e dispostos a fazer algo para acabar com a violência sexual contra a infância e a adolescência, enquanto outros fingem acreditar que tudo será resolvido. Na verdade, as reuniões, se acontecerem, não passarão de "Candinha". A experiência mostra isso com clareza. Um deputado foi pego com três meninas (uma menor) num motel e nada foi feito.


Incrível, mas é verdade. O Sindicado dos Jornalistas Profissionais do Estado de Roraima (Sinjoper) vai integrar uma frente contra o abuso, exploração sexual e tráfico de mulheres para fins comerciais em Roraima.

Será parceiro da Comissão que trata desse assunto. Com que objetivo é o que não se sabe. Sabe-se, no entanto, que não existe nenhuma entidade de classe mais pelega que a que se arvora em defesa dos profissionais de imprensa do estado.

É translúcida a prevaricação insidiosa da atual diretoria do Sinjoper, que fica sempre ao lado dos patrões. A prática tem sido a de puxar o saco dos poderosos. Assim, consegue sempre levar vantagem em tudo. Os representados que se danem.

O pior é que o assunto a ser debatido nesse fórum será dos mais complexos, verdadeiro nó a se desatar. É mais que sabido que não existe interesse nenhum em se esclarecer as denúncias levantadas. O pelotão de exploradores de menores é formado por pessoas influentes na sociedade. Ninguém duvida disso.

Há um cinismo coletivo em nada se comentar a respeito do deputado estadual pego em flagrante com três garotas, entre elas uma menor de idade, num motel de Boa Vista. O processo? Dizem que corre sob sigilo.

Um outro político de renome no estado mantém uma menor de idade como amante. O espantoso é que quando tudo começou a menina tinha menos de 14 anos. Conta com a anuência dos pais da garota. Questionado, o pai responde que de alguma forma a menina iria "se perder" mesmo, que seja, então, com "sua excelência". 

Há denúncias de que gente influente no Judiciário coopta garotos também menores de idade para fazerem serviços domésticos nos fins de semana e, de quebra, recebem aulas de cidadania bem à vontade e relaxados na casa de tal pessoa.

O Executivo também não está livre de representantes ilustres nesse submundo. Lá, um "velho babão" e um advogado tampinha são referências de assédio e corrupção de menores, com queixas devidamente registradas pelas respectivas mães na Polícia Civil. Tudo isso acontece há tempos e nenhuma providência é tomada.

E agora vem o presidente do Sinjoper, sem nenhuma credibilidade junto à categoria que representa, dizer que vai ser voz sonante contra esse disparate. Cinismo maior impossível. 

Tudo teatro, onde uns fingem que estão indignados e dispostos a fazer algo para acabar com a violência sexual contra a infância e a adolescência, enquanto outros fingem acreditar que tudo será resolvido.

Na verdade, as reuniões, se acontecerem, não passarão de "Candinha". A experiência mostra isso com clareza. Basta ver que o Congresso fez a CPMI da Exploração Sexual, sob a presidência da senadora cearense Patrícia Sabóia, chegou aos culpados e nada mais. Todos navegam hoje no mar da impunidade.

Se houvesse seriedade da parte do Sinjoper, a direção dessa entidade de classe estaria trotando na direção de, no mínimo, promover a melhoria das condições de trabalho nas redações e definir um piso salarial condizente com as funções exercidas pelos sindicalizados. O piso vigente é fruto de acordo coletivo realizado há 10 anos. Totalmente fora da realidade econômica do País. 

O resto é perfumaria. Puro relincho. Não leva a nada!

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