- 01 de novembro de 2024
Um levantamento feito pela Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) aponta que as reservas indígenas funcionam como barreira para o desmatamento na Amazônia, impedindo a destruição de cerca de 3,5 milhões de hectares da floresta. Para chegar a esse número, a entidade analisou dados de 1988 a 2004 sobre o deflorestamento da região, obtidos com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
O estudo, denominado Diagnóstico sobre Terras Indígenas Ameaçadas na Amazônia, criou um modelo que permite visualizar qual seria o desmatamento esperado dentro dos territórios indígenas caso mantivessem o mesmo padrão de desenvolvimento das regiões não ocupadas pelos índios. A diferença entre o cenário com e sem terras indígenas gera o saldo positivo dos 3,5 milhões de hectares de floresta protegida. A Coiab aponta como fatores que mais contribuem para o desmatamento, por exemplo, a presença de estradas (asfaltadas ou não), o acesso fluvial e a densidade populacional.
A entidade pretende levar o estudo ao conhecimento do governo como forma de alertá-lo sobre a necessidade de preservação da floresta e também para mostrar o papel estratégico dos indígenas nesse sentido. "Se queremos ter a Amazônia como um patrimônio brasileiro, temos que investir nas terras indígenas", afirma o coordenador geral da Coiab, o indígena Jecinaldo Cabral. De acordo com ele, a coordenação solicitou uma audiência com a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.
Eles pretendem, ainda, mobilizar o setor privado que atua na região para a conservação da Amazônia. "Queremos atingir esse setor, que é tímido na relação com os povos indígenas", observa Jecinaldo.