- 01 de novembro de 2024
Edersen Lima, Editor
O juiz aposentado, Jorge Barroso, em entrevista ao Fontebrasil declarou que ingressará na política. Ele já filiou-se ao Partido Verde (PV). "Eu me sinto um devedor de Roraima porque vim para aqui como magistrado. Trabalhei por seis anos, me aposentei e voltei para Bahia, minha terra natal, para estudar e terminar meus estudos acadêmicos e fiquei com aquela sensação de dívida com Roraima, e mesmo quando saí daqui, resolvi voltar no ano de 2003 para viver o resto da minha vida, época em que comecei a ser sondado pelos partidos e amigos, quanto à possibilidade de ingressar na vida política, foi então que decidi aceitar o desafio".
Com um vasto currículo de bons serviços prestados, seis anos na Magistratura, sendo que quatro foram no Tribunal Regional Eleitoral (TRE), Jorge Barroso foi procurador Geral do Estado, lecionou na Universidade Católica da Bahia, e nas faculdades Jorge Amado, é Capitão reformado da Polícia Militar da Bahia, e atualmente leciona Direito Constitucional na Escola de Magistratura e nas faculdades Atual e Cathedral.
Natural de Pojuca, Bahia, filho de um alfaiate, que aos 17 anos foi para capital estudar, Barroso nos conta porque resolveu entrar na política nessa entrevista que contou com a colaboração da repórter Daniella Assunção, a seguir:
1 - Porque o senhor é candidato a deputado federal?
Jorge Barroso: Na verdade, alguns amigos me procuraram e propuseram entrar na vida pública, como eu não tenho nenhum impedimento, decidi aceitar esse convite. Estamos entabulando negociações para uma possível candidatura para deputado Federal. Eu me filiei ao um partido pequeno (PV) e estamos trabalhando na articulação para ver com quem nós vamos nos coligar com a finalidade de ser aprovado em convenção e concorrer ao pleito em outubro. Eu me sinto um devedor de Roraima porque vim para aqui como magistrado. Trabalhei por seis anos, me aposentei e voltei para Bahia, minha terra natal, para estudar e terminar meus estudos acadêmicos e fiquei com aquela sensação de dívida com Roraima, e mesmo quando saí daqui, resolvi voltar no ano de 2003 para viver o resto da minha vida, época em que comecei a ser sondado pelos partidos e amigos, quanto à possibilidade de ingressar na vida política, foi então que decidi aceitar o desafio.
2 - Diante de tantas denúncias dos mais variados crimes praticados por políticos, o senhor que veio da magistratura não se sente um peixe fora d'água?
Barroso: Não! O meio político não é um meio de criminosos, é um meio de cidadãos. O código eleitoral diz que todo cidadão pode concorrer a cargos públicos eletivos, ressalvados aqueles que têm impedimento, e o meio político é como qualquer outro meio, o fato de nele existirem pessoas que utilizam artifícios criminosos para se eleger ou permanecer na política, não significa que os cidadãos devam fugir, afinal de contas o país é do povo, e o povo é pé quente.
3 - Qual o maior problema do Estado de Roraima na sua avaliação, cultural (com eleitor viciado a vender voto) ou administrativo (falta de continuidade e de bons programas de governo)?
Barroso: Eu não acho que o eleitor de Roraima esteja acostumado a vender votos, o que falta nas campanhas são pessoas que não se disponham a comprar votos, pois todas as vezes que se apresentaram, os eleitores elegeram. Augusto Botelho não comprou nenhum voto e foi eleito.
4 - O senhor é candidato pelo PV, partido pequeno formado por nomes novos na política, isso mais ajuda ou dificulta?
Barroso: Olha se o PV for concorrer à eleição ele terá dificuldade em função do quociente eleitoral que é uma questão técnica de participação política, mas se ele concorrer coligado com outros partidos, há condição de eleger alguns candidatos. Na verdade, a opção pelo PV veio por isso, devido ao fato dos nomes que o integram, terem uma proposta que no futuro será a proposta de todos, que á do cuidado com o meio ambiente, com as condições da qualidade de vida. Segundo especialistas, até o final deste século, estamos com a proposta de chegarmos a 8 e meio milhões de habitantes e o meio ambiente então gritará, daí a importância do partido, porque tem a visão de se preocupar com o futuro.
5 - Fazer campanha política em Roraima é um caso sui generis do resto do país, como o senhor pensa em tocar a sua?
Barroso: Alguns artigos que tenho escrito e publicado aí nos jornais, fala justamente sobre a chamada eleição sem dinheiro. Quando falamos eleição sem dinheiro, não quer dizer que o candidato não vá gastar absolutamente nada porque mesmo dentro da propaganda lícita, há despesas com outdoor, com a formação de programas, impressão de documentos, que são despesas insignificantes diante dos rios de dinheiro que correm no Brasil inteiro. Este tipo de problema, acredito eu estar com os dias contados, pois está em votação no Congresso Nacional, e certamente será aprovado, limites de gastos de campanha, o que melhorará pelo menos na forma legal, afinal, conseqüências mais duras serão aplicadas aos candidatos que gastarem além dos demais. Outro fato é que as fontes que forneciam dinheiro para as campanhas em Roraima, estão denunciadas, o povo já sabe, então esse dinheiro em abundância que os candidatos se utilizavam vinham do próprio povo, quer dizer, era tirado do povo para enganar o povo, e que agora, o político terá que tirar do próprio bolso, e do bolso ninguém tira.
6 - O Pelé há vinte anos atrás disse que o brasileiro não sabia votar, o senhor concorda com ele? E o roraimense, sabe votar?
Barroso: Saber votar é uma prática como saber qualquer coisa. A prática é que ensina a fazer as coisas, pois ninguém nasce sabendo fazer nada. O cidadão brasileiro, e daí outra importância de grande relevância, no que diz respeito ao conceito de cidadania política, ele não aprende a votar em momento nenhum, então ninguém aprendeu no colégio, dados sobre cidadania política, a importância do voto, sobre quem é o eleitor no dia da eleição, onde o eleitor é o patrão e o candidato é o empregado, que ele escolherá para trabalhar para si. Essas noções nós não temos em função do não aprendizado e esse não aprendizado é proposital porque as forças políticas não se interessam em esclarecer à população sobre quem é o empregado e quem é o empregador. E mais disso, o Pelé fez uma firmação que só foi demonizada porque era o Pelé, suas palavras saíram boca a fora como falamos por aí em conversas, e isso teve uma questão interessante. Eu repito que o povo só aprende a votar votando, até porque quando ele vota mal, ele sofrerá as conseqüências, o voto errado é um tiro no próprio peito. Eu hoje costumo dizer que quando o eleitor quer acusar alguém de ser mal governante, não deve apontar para quem ele elegeu e sim para o próprio peito, porque a culpa é dele, é sua responsabilidade, o eleitor precisa saber disso.
7 - Como o senhor pretende atuar na Câmara?
Barroso: Em face da minha preparação na vida, onde exerci atividade no poder Judiciário, Executivo, trabalho na área política porque sou professor de Direito Constitucional há muitos anos, conheço o modo de atuar, conheço o processo legislativo, se você é um parlamentar de sucesso ou não, vai depender das circunstâncias que encontrará por lá. Agora uma coisa é certa, eu vou pra lá sabendo o que vou fazer, se farei ou não, não sei. Vou chegar lá por um partido pequeno, vou chegar para aprender e aprendendo, vou fazer o melhor que puder.
8 - Qual a lição, independente de ser eleito ou não, o senhor que é professor universitário acredita poder transmitir ao eleitor nessas eleições?
Barroso: O que vai me interessar mais de imediato, é transmitir aos eleitores de Roraima nessa eleição, é que candidato não perde a eleição. Há candidato que ganha, mas não há candidato que perca, eleição é como uma fila para buscar emprego, alguns são escolhidos, outros não. Então eu quero demonstrar a eles que a gente pode competir na política sem interesse absoluto de ser eleito, e caso seja eleito festejamos, se formos derrotados, festejaremos os que foram eleitos porque na verdade o dono do emprego é o povo, e se no momento ele um candidato, não é porque ele o derrotou, apenas disse : "não é a sua vez agora".
Eu gostaria de acrescentar um outro dado: se realmente eu for candidato, eu vou tentar influir na coligação do Partido que pertencer, todos os candidatos que forem aprovados pela Justiça Eleitoral estão em condições de legalidades para concorrer ao pleito, e o povo pode escolher qualquer um deles, todos podem perder votos, todos estão aprovados pelas suas convenções, todos estão registrados pela Justiça Eleitoral e, enquanto assim permanecerem são dignos do voto de cada eleitor, independentemente do que ele faz ou tenha feito, ele tem esse direito porque a legislação não o impede. O soberano é o eleitor, ele escolhe quem ele quer.