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EDITORIAL - A imprensa hoje

Aquilo que é escrito em forma de crítica, ainda que construtiva, quase sempre é visto e interpretado por estas bandas como ataque político, picuinha pessoal, achaque etc. Na verdade, não passa de opinião formada, com o amplo direito do contraditório, conforme manda a Lei de Imprensa. Mas temos que admitir que existe sim mau-caratismo e servidão de alguns jornalistas.


O princípio universal de que não existe democracia sem imprensa livre é aceito sem nenhuma dificuldade por qualquer sociedade moderna. Da mesma forma, não é questionável o fato de que os primeiros atos de qualquer déspota, logo após chegar ao poder - ainda que pelo voto direito -, tenham como alvo calar os meios de comunicação. As formas, várias. Desde as atentatórias à integridade física ou moral até a simples cooptação à custa das "irresistíveis iguarias do rei".

Mas não queremos tratar de déspotas e muito menos de regimes totalitários. Reportamo-nos ao que ocorre no dia-a-dia de Roraima. Apesar de ser quase tabu - ninguém fala abertamente no assunto -, a verdade é que a imprensa roraimense, de certa forma, é amordaçada. Muita coisa que a opinião pública precisa tomar conhecimento, fica relegada a uma mata densa e escura. Tudo pelo pretexto de não ferir suscetibilidades.

Aquilo que é escrito em forma de crítica, ainda que construtiva, quase sempre é visto e interpretado por estas bandas como ataque político, picuinha pessoal, achaque etc. Na verdade, não passa de opinião formada, com o amplo direito do contraditório, conforme manda a Lei de Imprensa. Mas temos que admitir que existe sim mau-caratismo e servidão de alguns jornalistas.

Não estamos na cidade de Utopia, clássico de Thomas Morus. Se lá estivéssemos, as autoridades, políticos, administradores, empresários e quaisquer outras pessoas citadas pela imprensa em alguma crítica ficariam agradecidos de antemão. Procurariam fazer uma auto-análise, uma viagem ao interior de suas consciências, com o objetivo único de corrigir os rumos e melhorar o binômio eficiência/eficácia em suas atividades públicas.

Mas não. O que se vê são as críticas e opiniões divergentes sendo interpretadas de forma obtusa. Descontados os excessos - é certo que há até bem pouco tempo eram mais freqüentes -, a imprensa tem como objetivo maior educar, informar e, principalmente, formar opinião diante de fatos lamentáveis que insistem em degradar a própria sociedade. Bom lembrar: a imprensa não fabrica tais fatos.

Ameaças veladas ou explícitas de demissão de jornalistas, censura a matérias e artigos que contariam interesses políticos ou empresariais, exposição a pressões e constrangimentos diversos, são exemplos claros do que não condiz com o regime democrático e o Estado de Direito.

Separando o joio do trigo, a imprensa com "I" maiúsculo tem que antes de tudo ser vista como um meio prestador de serviço comunitário, social, amplamente necessário.   

Ao invés de ter a imprensa como inimiga, por que não vê-la como parceira, ouvindo e respeitando notícias, opiniões e críticas? Afinal, ela reflete os anseios e pensamentos da sociedade na qual está inserida. Ou não?

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