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Samir Haten vai assumir os Correios

Como ifnormou em novembro passado o colunista Júnior Brasil, o ex-presidente do INSS, Samir Haten, assumirá os Correios por indicação dos senadores Renan Calheiros e Romero Jucá. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva resolveu investir muitos cargos no sonhado casamento político-eleitoral do PT com o PMDB para as eleições de outubro.


Leonel Rocha
Da equipe do Correio

Monique Renne/Especial para o CB/14.4.05
Haten: na presidência da ECT sob as bênçãos de Renan e Jucá
 
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva resolveu investir muitos cargos no sonhado casamento político-eleitoral do PT com o PMDB para as eleições de outubro. Lula decidiu entregar ao maior partido no Congresso a presidência e pelo menos três diretorias da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT). As indicações dos novos nomes já foram feitas pela bancada do PMDB no Senado e as substituições devem começar nos próximos dias. No lugar do atual presidente Jairo Pohren, deverá ser nomeado Samir Haten, sob as bênçãos do presidente do Congresso, Renan Calheiros, e do ex-ministro da Previdência Romero Jucá, como anunciou em primeira mão o colunista Júnior Brasil, em novembro passado.

Os senadores Ney Suassuna(PMDB-PB), líder do partido, Alberto Silva (PI) e José Sarney (AP) já indicaram seus afilhados ao Palácio do Planalto. Entre os nomes estão José Alberto Brito, Mozart Gomes Ferraz , Paulo Roberto Lobo e Asclepíades Antônio de Oliveira Filho. Os cargos que eles devem ocupar ainda não foram definidos. Além deles, estão concorrendo à diretoria da ECT Carlos Roberto Samartini e Marcos Antônio Vieira, este com o suposto apadrinhamento do ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT-SP). Os sindicalistas do PT querem emplacar José Oswaldo Fontoura Sobrinho e Omar Moreira de Assis.

O ministro das Comunicações, Hélio Costa - que também é do PMDB - tem resistido à substituição da atual diretoria da ECT, mas vai ceder às pressões da bancada do seu partido no Senado. Costa só queria trocar os dirigentes da estatal depois da conclusão dos trabalhos da CPI dos Correios, prevista para abril. A empresa passou a ser o pivô das denúncias feitas pelo ex-deputado Roberto Jefferson em junho do ano passado. Ele acusou a então diretoria - que foi substituída pela atual - de arrecadar dinheiro ilegalmente para abastecer os partidos políticos de apoio ao governo federal - PT, PP, PL, PTB e parte do PMDB.

A denúncia de corrupção nos Correios, que deu início à maior crise política do governo Lula, começou quando o ex-chefe do departamento de compras da estatal Maurício Marinho foi filmado recebendo um propina de R$ 3 mil. Na época, Marinho foi gravado contando que ele e outros funcionários graduados da empresa, inclusive diretores, arrecadavam dinheiro para políticos entre os fornecedores da ECT. A crise também obrigou a CPI a fazer uma devassa nos contratos dos Correios e descobriu superfaturamento das agências de publicidade DNA e SMPB, do empresário Marcos Valério, acusado de ser o operador do mensalão e do caixa 2 do PT.

Para acelerar a demissão de Jairo Pohren, os petistas elaboraram uma espécie de dossiê mostrando a ligação do presidente da ECT com os tucanos do Rio Grande do Sul. As informações devem ser entregues nos próximos dias ao presidente Lula pelo deputado Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP), que recebeu a papelada. A principal "prova" de que o presidente da ECT tem ligações com os tucanos é uma carta escrita pelo presidente da desconhecida Associação dos Profissionais de Nível Superior e Técnicos da ECT (ADCAP), Genilton Macedo Ribeiro, apoiando a permanência de Pohren no cargo.

No dossiê consta até uma fotografia de Genilton que, segundo a pesquisa dos petistas, é presidente do diretório municipal do PSDB em Porto Alegre e ocupa um cargo de confiança no governo do estado na cota dos tucanos que apoiaram a candidatura de Germano Rigoto, em 2002.

Negativas
A assessoria de imprensa do Palácio do Planalto não nega nem confirma as substituições. O Ministério das Comunicações informou que Hélio Costa desconhece as mudanças. A principal assessora política do ministro, Yáskara Laudares, garantiu ontem que não haverá troca na diretoria dos Correios. "Esta é uma diretoria técnica e vai permanecer até o final do governo. Não há razões para que se façam substituições na empresa. Este assunto nunca foi discutido", reafirmou. A direção dos Correios não se manifestou.

Com 108 mil funcionários - 52 mil deles carteiros -, a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos é a estatal dos sonhos de qualquer político. Na América Latina, é a empresa que mais emprega. No Brasil, está muito à frente de instituições como o Banco do Brasil e Petrobras em quantidade de funcionários. A ECT é uma superestatal com 12,3 mil agências espalhadas por todos os 5. 560 municípios brasileiros. Está mais presente nos rincões do país que a Igreja Católica. No ano passado a companhia investiu R$ 280 milhões na estrutura e manutenção do mercado de correspondências. Neste ano eleitoral, a montanha de dinheiro vai dobrar de tamanho.

Por ano, a empresa transporta 8,5 bilhões de objetos - entre cartas e encomendas em geral -, o que significa 32 milhões de correspondências a cada dia. A estatal orgulha-se de entregar mais de 100 milhões de livros didáticos todo ano para escolas públicas municipais. Também é responsável pelo transporte da urnas eletrônicas de votação, principalmente em regiões distantes da Amazônia. Mesmo depois de passar os últimos seis meses como principal foco das denúncias de corrupção e das investigações das comissões parlamentares de inquérito, uma pesquisa feita no final do ano pela Vox Populi detectou que o índice de credibilidade da companhia cresceu de 89,2% para 90,2%. É um excelente dote de casamento político.

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