- 01 de novembro de 2024
Imagine você, amigo leitor, que um de seus ascendentes - pai, mãe, avô, tio, tia, ou mesmo o bisavô - tem o nome entre as personalidade das mais consideradas na sociedade local. Imagine que não seja segredo para ninguém que este determinado parente tenha sido peça fundamental na criação ou implantação de um sem-número de atos e realizações que hoje refletem positivamente na vida da comunidade.
Imagine ainda, amigo, que certo dia alguém resolva batizar um empreendimento escuso qualquer com o nome desse seu eminente ascendente. Empreendimento este que, ao invés de engrandecer, venha denegrir o nome, a honra e a obra realizada a duras penas, ao longo da vida. É duro, não?
Agora, imagine situação adversa a esta. Positiva. É extremamente gratificante quando a homenagem enaltece o homenageado. Quando reflete a admiração que se tem pela pessoa, pela sua obra. É comum a pessoa lembrar com certo ufanismo de seu estado e cidade de origem, que, por razões as mais diversas, foi obrigada a deixar para trás. Roraima é um estado que vive bem essa nuance.
Não raro encontrar é estabelecimentos comerciais com o nome de fantasia enaltecendo um estado, cidade. Até mesmo bairros: "Mercantil Paraíba", "Restaurante Ceará", "Supermercado Acreano", "Salão Boa Vista", "Borracharia Pricumã"...
O mesmo ocorre com os nomes próprios. É comum ver designações de parentesco acrescidas ao nome de descendentes. Verdadeiras homenagens, como "Neto", "Júnior", "Filho" e até "Sobrinho". "João das Coves Neto".
Voltando aos gentílicos, assim como os naturais do Espírito Santo se orgulham de ser chamados "capixabas" e os nascidos no Rio Grande do Norte se autodenominam "potiguares", com muita honra os roraimenses natos se orgulham de ser "macuxis". Até mesmo aqueles que não nasceram aqui mas consideram Roraima como a melhor terra para se viver e criar os filhos.
Perdoe amigo leitor pelas digressões, mas elas têm uma razão específica. Trata-se de uma queixa que chega insistentemente à redação deste Fontebrasil, através de mensagens eletrônicas (e-mails), questionando o mal uso do termo "macuxi" na internet.
Trata-se de um projeto que não condiz com a função de meio de comunicação que objetiva participação positiva para o desenvolvimento de qualquer sociedade e o pior, que não condiz com o que para as pessoas de bem e que estimam Roraima vêem - e sentem - na palavra "macuxi".
Usar esse termo num projeto torpe é macular e ofender a inteligência e os brios de um povo que não pensa e tão pouco age de forma rasteira, oportunista e vendida. Trata-se, sim, de um achincalhe aos roraimenses de bem, principalmente pela vileza com que trotam seus idealizadores, escondendo-se atrás de sórdido anonimato, rasgando abertamente a Constituição Federal, em seu inciso IV que cita textualmente:
"É livre a manifestação de pensamento, sendo vedado o anonimato."
Vale repetir que, pôr o nome Macuxi num projeto espúrio de tal envergadura é, no mínimo, macular e ofender dolosamente a inteligência e os brios de um povo que não cavalga no anonimato covarde e vendilhão, tendo isso como o seu meio de vida. É a "homenagem" que o roraimense nato não merece. É piada que só cavalo rí.