- 01 de novembro de 2024
Diz o adágio que "- Em casa de pouco pão, todos brigam e ninguém tem razão". A colocação terá de ser reavaliada. Até porque pão é o que não tem faltado no rico alforje do grupo político que reúne a prefeita de Boa Vista, Teresa Jucá (PPS) e o senador Romero Jucá Filho (PMDB). Daí, não se saber explicar as razões de tanta desavença.
A prefeita arenga com o vice-prefeito, Iradilson Sampaio (que sempre foi um dos seus mais leais e fiéis escudeiros); encrenca com o senador (que lhe deu fama e poder) e, na falta do que melhor arrumar, arranja encrenca com pessoas que se aproximem ou dê idéia de pretender dialogar com o clã.
A alma da prefeita tem divagado de forma ansiosa no éter que vaporiza entre a prefeitura (detentora do segundo maior orçamento de Roraima) e a capital federal, onde passa mensalmente a maior parte de seu tempo.
No cerne da questão, apenas uma dúvida: como manter o vice-prefeito no cabresto, já que muitos lhe têm dito que, depois das constantes humilhações, Iradilson teria enchido as medidas? Mesmo que seu companheiro de Executivo tenha agido sempre com dedicação e lealdade, o fuxico dos bajuladores (aliado a um gênio forte), tem peso considerável.
O vice-prefeito continua quieto e tranqüilo onde sempre esteve: assumindo papel de coadjuvante sem maiores implicações, cumprindo tão-somente o que lhe é determinado. Sem tugir nem mugir, embora vez por outra se veja obrigado a ouvir algumas poucas e boas. Tem aceitado abusos com calma e passividade, como se cumprisse mero destino.
O desejo de Iradilson seria disputar uma cadeira na Assembléia Legislativa, onde não teria grande dificuldade. Principalmente num ano em que se acredita irá haver uma das maiores renovações de todos os tempos. É certo que já se forma uma onda, na capital, revertendo rumores iniciais.
Antes, dizia-se que se todos os atuais 24 parlamentares fossem candidatos, apenas três ou quatro voltariam. Agora, quando se sabe que cada qual lançará mão de emendas que deverão conferir cerca de um milhão de reais aos seus redutos, comenta-se que "pelo menos 12 do total vão assegurar o retorno".
Onde encontrar a verdade? Faltam oito meses para o dia primeiro de outubro, data fatídica no comparecimento às urnas, dia da guilhotina eleitoral. Muita coisa, mas muita mesmo deverá acontecer antes daquela data. Impossível prever-se o futuro. Como dizia o ex-governador de Minas Gerais (1961-66), Magalhães Pinto:
"- Política é como uma nuvem. A gente olha pro céu e lá está ela, formando figura parecida com algo que se conhece. Daqui a pouco, a gente olha de novo e já mudou tudo".
No céu político que reflete o horizonte da prefeita, ela tem a impressão de que nada mudará. Por isso, briga tanto, dá ordens e se considera dona de todos os postos eleitorais. Crê com sinceridade que não há como deixar de ser eleita, caso entre na disputa senatorial.
Já o senador Filho tem outras preocupações. Uma delas é se livrar da cassação. Num ano eleitoral, seus pares não querem se sentir cúmplices. Temem o veredicto das urnas.
O PMDB deve emplacar candidato a presidente da República. Tudo indica que será o governador do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto. Ele deve renunciar ao mandato. Competente, preparado, Rigotto tem tudo para dar certo. E não iria evitar a cassação de Filho, por razões óbvias. O PMDB tem de chegar razoavelmente limpo na campanha.
Se a prefeita de Boa Vista tiver juízo, não brigará com mais ninguém.
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