- 01 de novembro de 2024
Todos os problemas que aconteceram até agora (antes, de forma até mais intensificada que hoje) envolvendo brasileiros e venezuelanos, na região de fronteira entre Brasil e Venezuela, poderiam ter sido evitados, se os assuntos tivessem sido tratados com calma, com racionalidade.
A opinião é do deputado estadual Mecias de Jesus (PL), presidente da Assembléia Legislativa de Roraima (ALE-RR), referindo-se às questões polêmicas que têm tirado o sono de muitos turistas brasileiros, quando pensam em fazer uma viagem para a Venezuela.
O deputado Mecias de Jesus se disse satisfeito com a mudança, para melhor, no tratamento dispensado pelas autoridades venezuelanas (Guarda Nacional, militares do Exército venezuelano, nas alcabalas, etc.), depois do encontro que aconteceu recentemente em Santa Elena de Uairén.
No entanto, o parlamentar defende que algo mais deve ser feito para que essa boa relação seja permanente e não apenas momentânea, ocasional.
"A questão não é apenas deixar de fiscalizar em seis, sete ou duas alcabalas. O problema não é apenas a Guarda Nacional, Exército, Anvisa, Receita, Polícia Federal, ou seja lá o que for. A questão não é quem está pressionando aqui ou ali, ou ainda de quem está sendo ou não beneficiado. A questão é de relações fronteiriças, de lógica", enfatizou.
Alternativa barata
Na opinião de Mecias de Jesus, ir a uma praia do Nordeste brasileiro é privilégio de poucos. Mas, para a ilha de Margarita, na Venezuela, é uma opção para qualquer cidadão que disponha de um veículo e uma condição financeira mínima.
"É por essas e outras razões que não me canso de afirmar que a questão é de comércio bilateral, de relações humanas entre duas nações amigas. A questão é de respeito entre duas fronteiras secas. Não há nada de complicado. O precisa é apenas boa vontade das autoridades dos dois países para resolver esses pequenos problemas da fronteira que, se não cuidados com a devida cautela, podem se tornar grandes entraves", alertou.
De acordo com o presidente da ALE-RR, os "engravatados" do Itamaraty não ligam se brasileiros e venezuelanos estão se matando na fronteira, se é uma bagunça, se há narcotráfico, ou coisa parecida. Estão preocupados apenas com o Mercosul - afirma -, com grandes transações.
"Mas o cidadão humilde continua aqui, no dia-a-dia, no sofrimento. Não lembro de alguma matéria jornalística (nem na imprensa local, nem em nível nacional) ter sido feita no sentido de orientar os brasileiros e venezuelanos no sentido de diminuir a burocracia e alargar os cuidados", questionou.
Soluções
Depois de vários anos de relações, confusões e mal estar permanente na fronteira, o Consulado Venezuelano em Voa Vista, a Assembléia Legislativa de Roraima (ALE-RR), vários órgãos públicos e privados, civis e militares, decidiram se unir para discutir essas questões em busca de soluções que sejam aplicáveis aos dois países.
O deputado Mecias de Jesus aponta o último encontro, realizado em Santa Elena de Uairén (Venezuela) como o ponto de partida para esse entendimento mútuo. Na opinião dele, o encontro serviu para mostrar que brasileiros e venezuelanos estão empenhados em melhorar esta relação bilateral.
"Com esse encontro, conseguimos vários avanços e, graças à Deus, isso já pode ser sentido na prática. Todos sabemos que cumprir ou não esse acordo, tanto por parte dos venezuelanos como dos brasileiros, é uma questão de momento, de bom senso e também pressão política e social", ponderou.
Segundo Mecias de Jesus, enquanto tiver alguém de olho, apurando qualquer denúncia, autoridades brasileiras e venezuelanas irão respeitar os acordos, os tratados firmados.
"Não se trata de escancarar a fronteira, de desrespeito à Lei, mas sim de colocar a fronteira Brasil/Venezuela e seus cidadãos num patamar avançado de convivência", afirmou.
Para o parlamentar, os meios de comunicação de Roraima deveriam se empenhar mais nessa campanha, dentro da lei e em conformidade com a tradição de Nação amiga. De acordo com ele, nenhum dos dois países irá perder nada com a transformação da fronteira não num ponto de separação, mas sim de união.