Alexandre Oltramari e Julia Duailibi
O publicitário Duda Mendonça ficou conhecido como um gênio da propaganda política. Suas campanhas ajudaram a eleger 28 candidatos, num espectro ideológico que passa por Paulo Maluf, Fernando Collor e, seu maior triunfo, o presidente Lula. O publicitário Duda Mendonça também é um empresário bem-sucedido. É dono de uma fortuna pessoal declarada de 13 milhões de reais e suas agências são responsáveis pelas campanhas de algumas das maiores empresas privadas do país, embora sua vocação principal seja mesmo o marketing político. Duda Mendonça, até pouco tempo atrás, era um referencial da combinação entre a genialidade e o empreendedorismo. Essa imagem está desmoronando. Há cinco meses, o publicitário surpreendeu ao confessar que recebeu parte do pagamento pelos serviços da campanha de Lula através de depósitos clandestinos em uma conta secreta no exterior. Mas disse que só topou a maracutaia porque não havia outra maneira de receber o dinheiro. Na semana passada, VEJA revelou que as autoridades americanas descobriram e bloquearam uma outra conta secreta e milionária que o publicitário mantinha nos Estados Unidos. Duda, dessa vez, não quis se explicar. À medida que avançam as investigações sobre os negócios do mais famoso publicitário do país, fica evidente que o empresário Duda Mendonça não é aquele que apareceu na CPI, chorou e tentou convencer os parlamentares de que foi vítima de um sistema eleitoral corrupto. O verdadeiro Duda Mendonça é personagem forjado nesse mundo. Ele está envolvido com superfaturamento de contratos com órgãos públicos, remessas ilegais de dinheiro para o exterior, contas secretas em paraísos fiscais, sonegação de impostos e crime eleitoral. Pode-se creditar à sua genialidade a invenção de uma nova categoria da propaganda - o marketing bandido. É nessa modalidade que ele é um grande especialista.
A CPI que investiga a corrupção no governo vai enviar nesta semana aos Estados Unidos um grupo de parlamentares com a missão de obter os extratos bancários da nova conta do publicitário, descoberta no fim do ano passado em Miami. Os deputados e senadores decidiram agir à revelia das autoridades, em tese, encarregadas de tomar as providências imediatas. Só na semana passada, dois meses depois que as autoridades americanas flagraram a filha de Duda, Eduarda, tentando zerar a conta, é que o Ministério Público Federal pediu o bloqueio definitivo. Estranhamente, ninguém sabia de nada. A Polícia Federal disse que não foi informada. O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, afirma ter sabido do caso após a publicação da reportagem de VEJA. A coordenadora-geral do Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional, Wanine Lima, que havia declarado, na última semana, ter tomado todas as providências cabíveis, ao que tudo indica esqueceu até de avisar o próprio chefe, o ministro Thomaz Bastos. Diante desse festival de leniência com Duda, os parlamentares decidiram agir por conta própria. "O governo está blindando o Duda. É um absurdo a gente ficar sabendo de uma coisa dessas pela imprensa", diz o deputado Eduardo Paes, um dos mais ativos integrantes da CPI, que estuda convocar o publicitário para um novo depoimento à comissão.
O publicitário Duda se notabilizou pela simplicidade com que conduziu algumas campanhas bem-sucedidas. Foi dele o slogan "Foi Maluf que fez". Cobrando milhões, ele repetiu o bordão em várias outras campanhas país afora, trocando apenas o nome do político. Seu sucesso, porém, não está ligado apenas a essa monumental criatividade. O publicitário oferece pacotes de marketing eleitoral do tamanho exato da necessidade do cliente, principalmente com relação às formas de pagamento. Um político, ex-usuário dos serviços de Duda, contou a VEJA que o publicitário é bastante heterodoxo quando o tema é dinheiro. Sem meias palavras, depois de uma ampla exposição sobre as chances do candidato, ele vai direto ao assunto: "O pagamento pode ser em dólares, reais, cheque de terceiros, através de empreiteiras, depósitos no exterior. Vocês é que dizem". Como ele já sabe que tudo será por contabilidade clandestina, sugere até o valor oficial a ser declarado à Justiça na hora da prestação de contas. Esse político foi candidato a governador em 1998, sua campanha custou 5 milhões de reais em marketing, mas, oficialmente, ele gastou apenas 500.000, 10% desse valor. O restante foi pago a Duda no caixa dois - em reais, dólares, cheques pré-datados, por empreiteiras e em contas no exterior, conforme a sugestão do marqueteiro. A parte em dinheiro era entregue nas mãos de Duda em seu escritório, no Brooklin Novo, em São Paulo. Os depósitos no exterior foram feitos por um doleiro em uma conta bancária em Miami, indicada por Duda para receber o dinheiro. E a maior parte da dívida foi quitada por um grupo de quatro grandes empreiteiras. Como os valores eram altos e as empreiteiras não queriam nem doar pelo caixa um nem pelo caixa dois, Duda apresentou a solução. Assinou um contrato com cada uma delas e forneceu notas fiscais que foram contabilizadas como serviços prestados por uma de suas empresas - a A2CM Limitada, cujas atividades foram encerradas no fim de 2003. Os serviços às empreiteiras, é claro, não foram prestados, o candidato venceu a eleição e Duda embolsou uma fortuna longe dos olhos do Fisco. Só em impostos, deixou de recolher 650.000 reais.
VEJA teve acesso aos documentos que provam essa armação para enganar a Justiça Eleitoral. Por eles, vê-se com nitidez a ação do marqueteiro na preparação do plano para burlar a lei. Em carta enviada ao cliente, em 29 de junho de 1998, a sócia de Duda, Zilmar Fernandes, cobra agilidade na assinatura do contrato formal "para evitar problemas legais" e sugere até o custo oficial da propaganda de campanha, "entre 500 e 700.000 reais". Um contrato de gaveta já havia sido assinado seis meses antes e estabelecia o valor global da propaganda em 5 milhões, sendo que 3,3 milhões seriam quitados durante o primeiro turno. Seguindo a orientação da sócia de Duda, o contrato oficial foi assinado em agosto e fixou o valor da campanha em 500.000 reais. O pacote eleitoral do publicitário previa também uma espécie de cláusula de sucesso. Em caso de vitória, as empresas de Duda cuidariam das principais contas publicitárias do governo. Duda argumentava que isso, na hora da reeleição, realimentaria a campanha, já que uma parte do dinheiro ficaria reservada para esse fim. Em outras palavras, os contratos seriam superfaturados e a diferença abasteceria o caixa de campanha do governador. Uma tecnologia inovadora de sustentabilidade das campanhas. A relação de Duda com o mundo clandestino do financiamento de campanhas políticas é antiga. Nos anos 90, o publicitário tornou-se o marqueteiro preferido de Paulo Maluf. No momento, o ex-prefeito de São Paulo é figura central em uma investigação do Ministério Público que apura desvio de dinheiro, abertura de contas no exterior e superfaturamento em grandes obras realizadas em sua última gestão, no período de 1993 a 1996. A investigação, que já dura três anos, acabou encontrando indícios de intensa movimentação financeira - não contabilizada, é claro - entre Duda e Maluf. Em setembro do ano passado, em depoimento ao Ministério Público, o doleiro Vivaldo Alves, o Birigüi, disse que enviou, a pedido de Maluf, 5,9 milhões de dólares a uma conta de Duda no Citibank, em Nova York. A suspeita dos promotores é que o dinheiro foi pagamento de uma dívida de campanha. O Ministério Público também encontrou outros indícios de que o trabalho do publicitário para Maluf era pago por meio de caixa dois. O mais novo deles é um cheque, de 1996, com que a empresa CBPO, um dos braços da construtora Norberto Odebrecht, paga nominalmente à Duda Mendonça & Associados o valor de 12.277,88 reais. Na época, Duda era o marqueteiro de Paulo Maluf.
A CBPO foi a responsável pela construção do Túnel Ayrton Senna, uma das principais obras da administração Maluf. O túnel ficou conhecido por ter custado mais caro que o do Canal da Mancha, que liga a França à Inglaterra. Segundo as investigações do Ministério Público, só essa obra teria sido superfaturada em 650 milhões de dólares. Por causa das fraudes, em 19 de outubro de 2004 a juíza Renata Coelho Okida, da 4ª Vara da Fazenda Pública, bloqueou os bens de Maluf e de outros 36 réus, inclusive a CBPO, até o valor de 5 bilhões de reais. Na tarde de quinta-feira, a assessoria de imprensa da construtora disse a VEJA que o cheque - datado de 12 de janeiro - se referia ao pagamento de um anúncio feito, no mesmo mês, pela Duda Mendonça & Associados. Ou seja: em pouco mais de dez dias, Duda fechou contrato com a CBPO, produziu um anúncio e recebeu o cheque pelo pagamento do serviço. Isso é que é publicitário eficiente. Duas horas mais tarde, a assessoria entrou novamente em contato, para informar que o período entre a realização do anúncio e o pagamento em cheque foi de "cerca de um mês e meio". A construtora, porém, disse que não poderia fornecer detalhes do trabalho, como e onde o anúncio foi veiculado, nem explicar se os 12.000 reais significavam o pagamento integral ao publicitário.
Sem pudores para receber dinheiro de onde ou de quem quer que seja em suas campanhas, Duda passou a ser tratado como mago eleitoral. O publicitário já era um homem rico na época em que começou a trabalhar para o PT. Em 2002, quando fez a campanha de Lula e de outros quatro candidatos petistas, sua fortuna pessoal era de 6,8 milhões de reais. Com o novo governo, seu patrimônio declarado deu um salto espantoso. Dono de quatro empresas, quatro fazendas, quatro terrenos, obras de arte, jóias, três carros (um deles blindado), uma lancha, 8.119 cabeças de gado, dezessete jumentos, um trator e 5 milhões de reais aplicados no banco, seu patrimônio pessoal dobrou, atingindo 13 milhões de reais no fim de 2004. Mágica? Não. A empresa de Duda ganhou três contas importantes e milionárias no governo - Petrobras, Ministério da Saúde e Presidência da República. Para a Duda Mendonça & Associados, a principal empresa do publicitário, o governo petista foi muito bom. Seu faturamento aumentou de 4,7 milhões de reais em 2002 para 43,3 milhões em 2004 - um crescimento de 820%, que multiplicou os lucros do marqueteiro e, por conseqüência, seu patrimônio pessoal. Deve-se ressaltar que nessa fortuna não estão incluídos os milhões que Duda recebeu no exterior, o que permite concluir que seu patrimônio é infinitamente maior. Nos últimos três anos, Duda conquistou a simpatia e a amizade dos dirigentes petistas e do próprio presidente Lula. Sua influência no governo era tão grande que chegava a incomodar alguns e causava inveja a outros. Foi dele a idéia do Fome Zero, que acabou se tornando um caso clássico da influência do marketing no governo. Primeiro foi criado um bordão. Depois, o programa. Como ninguém se encarregou de pensar no conteúdo, o Fome Zero morreu de inanição. Nomes de outros programas de destaque do governo, como Brasil Alfabetizado, Brasil Sorridente e Bolsa Família, também foram idealizados pelo marqueteiro. Duda virou uma espécie de conselheiro do presidente, com quem se reunia uma vez por mês para dar palpites que iam desde temas para discurso até sugestões para atuar diante de crises. Sua casa de praia, na Península de Maraú, na Bahia, era um local tradicional de descanso para estrelas petistas, como Antonio Palocci, Luiz Gushiken e José Dirceu. Os principais discursos e todas as falas em rede de rádio e TV do presidente eram supervisionados por Duda, que também o convenceu a criar seu próprio programa de rádio, o Café com o Presidente. Duda tinha linha direta com Lula e estava a seu lado nos momentos de crise. Mas isso é coisa do passado - e provavelmente Lula, se perguntado, dirá que não sabia de nada dos esquemas de seu antigo amigão. É o que ele sempre diz, não? Hoje, os petistas tentam manter uma distância asséptica de Duda Mendonça. São fortes os indícios de que o pacote eleitoral criminoso desenvolvido pelo mago-marqueteiro foi usado na campanha do presidente Lula, em 2002. O próprio Duda confessou que recebeu 10,5 milhões de reais numa conta clandestina no exterior. As investigações da CPI demonstram que o publicitário Marcos Valério, que pagou a Duda seguindo ordens do ex-tesoureiro Delúbio Soares, recebeu uma montanha de dinheiro de algumas empresas por supostos serviços até hoje não comprovados. Esse dinheiro, além de pagar ao marqueteiro de Lula, foi usado para bancar despesas dos deputados envolvidos no chamado mensalão. Também é substancioso o indício de que Duda foi agraciado com as três contas milionárias no governo federal, de acordo com a cláusula de sucesso que ele propunha a seus clientes. A conta da Presidência da República, segundo o Tribunal de Contas da União, foi superfaturada em até 200% - também seguindo a mesma lógica narrada pelo publicitário. A quebra do sigilo bancário das empresas de Duda revelou um enorme e estranho ingresso de dinheiro, superior a 700 milhões de reais nos últimos cinco anos, com muitos pagamentos sem identificação. Já se sabe que uma das contas de Duda no exterior, a Düsseldorf, recebeu recursos de diversas fontes e, depois, o dinheiro migrou para paraísos fiscais, como Suíça e Bahamas. Se esse dinheiro retornou para os petistas, como se suspeita, a alquimia do mago estaria completada. O nome disso é lavagem de dinheiro. Duda lavaria, portanto, mais branco. Eis aí um bom slogan para ele. As outras contas AP
| O TANGO DO CAIXA DOIS Duhalde em campanha: Duda fez sete eleições na Argentina |
O Ministério Público Federal investiga a existência de mais duas contas do publicitário Duda Mendonça no exterior. Dessa vez, em paraísos fiscais do Caribe. A primeira estaria na agência do Guaranty Trust Bank Limited em Nassau, capital das Bahamas. A segunda, no JPMorgan Chase das Ihas Cayman. Em 2004, o saldo da primeira teria atingido 1,5 milhão de dólares. O da segunda, 4,7 milhões de euros. Essas informações - e os respectivos números das duas contas - não vieram do Brasil. Foram levantadas na Argentina, onde Duda comandou sete campanhas eleitorais e acumulou inimigos.
Ainda não há provas de que essas duas contas realmente existam. No entanto, dois indícios sugerem que o patrimônio de Duda no exterior só começou a ser desvendado. Quando informou ao Ministério Público brasileiro que há indícios de outras contas de Duda fora do Brasil, o promotor de Nova York, Adam Kaufmann, mencionou também as ilhas das Bahamas, e não apenas o estado da Flórida. Além disso, o próprio advogado de Duda, Tales Castelo Branco, admitiu que novas contas do publicitário podem aparecer. VEJA forneceu a ele os números das duas em posse do Ministério Público. Sua resposta: "Se há outras contas de Duda no exterior, elas decorrem de procedimentos administrativos dos bancos. Podem ter sido abertas para facilitar a circulação do dinheiro, mas sem que meu cliente soubesse". A multiplicidade de contas secretas tem uma razão de ser. Não é só no Brasil que Duda causou furor com serviços que mesclam publicidade e desvio de dinheiro. Ele fez sete campanhas eleitorais na Argentina, todas de candidatos peronistas ligados ao ex-presidente Carlos Menem. Também recebeu um bom bocado para inflar a popularidade do governador da província de Córdoba, José Manuel de la Sota, e do próprio presidente Menem, em 1999. Alguns desses serviços, investigados por promotores argentinos, causavam espécie não só por seus valores mirabolantes como também pela, digamos, falta de criatividade de Duda. Num deles, o gênio baiano simplesmente reaproveitou o slogan "Foi Maluf que fez", usado na campanha do ex-prefeito paulistano em 1998. Mandou ver um "Menem lo hizo", e estamos conversados. Em 1999, Duda comandou a fracassada campanha eleitoral do então candidato peronista à Presidência Eduardo Duhalde - que viria a ocupar a Casa Rosada em 2002, em meio à conturbada crise política que se seguiu à desvalorização do peso. Muito mistério ainda cerca o valor pago a Duda pelo grupo de Duhalde. À época, dirigentes peronistas mencionaram a cifra de 15 milhões de dólares. Mas Duda só declarou 2 milhões de dólares. Os argentinos mentiram ou a diferença de 13 milhões de dólares foi depositada em algum lugar misterioso - paraísos fiscais, talvez? Marcio Aith |
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NO MUNDO DE DUDA, AS CONTAS NUNCA FECHAM Em 2002, o PT declarou à Justiça Eleitoral ter gasto, ao todo, 21 milhões de reais na campanha presidencial Duda Mendonça disse à CPI dos Correios que só o contrato firmado entre o PT e sua empresa era de 25 milhões de reais O valor declarado pelo partido à Justiça, como pagamento a Duda, foi de apenas 13,5 milhões de reais Restava uma dívida de 11,5 milhões de reais Mas a CPI já rastreou 15,7 milhões de reais pagos pelo PT ao publicitário, via caixa dois Sobre a diferença de 4,2 milhões de reais, o marqueteiro alega ter feito um novo contrato com o PT Por esse contrato, Duda receberia 7 milhões de reais ao longo de 2003, ano em que não houve eleições Faltariam 2,8 milhões de reais a ser pagos ao marqueteiro Duda, porém, disse em depoimento à Polícia Federal que "não se recorda se, no fim do ano de 2003, todos os débitos foram quitados" CONCLUSÃO Duda diz uma coisa e o PT, outra. Não se trata de mera confusão. Tanto o partido quanto o publicitário apresentaram declarações falsas à Justiça Eleitoral e à Receita Federal. A suspeita da CPI é que as dívidas do PT com Duda foram pagas por meio de contratos do governo federal com a agência do publicitário |
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UM MISTÉRIO PUBLICITÁRIO Segundo a CPI dos Correios, entre 2000 e 2005 a Duda Mendonça & Associados recebeu 646 milhões de reais A justificativa apresentada à CPI pelo publicitário para tamanha movimentação financeira é que 85% desse valor - 549 milhões de reais - se refere a "repasses para fornecedores de serviços" Ficariam com a agência somente 97 milhões de reais A CPI dos Correios descobriu que apenas 377 milhões de reais foram repassados e vários beneficiários não foram identificados Sobraram 269 milhões de reais para a agência CONCLUSÃO Ou Duda deixou de pagar 172 milhões de reais a seus fornecedores ou a versão do publicitário é fajuta. Como boa parte do faturamento da agência vem de contratos com o governo federal - de 2003, início da administração Lula, até 2005 os cofres públicos repassaram 277 milhões de reais -, a CPI suspeita que a empresa repassou parte do dinheiro para o caixa dois do PT |
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Com reportagem de Juliana Linhares, Marcelo Carneiro e Victor Martino |