- 01 de novembro de 2024
As instituições (como os impérios), são destruídas de dentro para fora. Na quebra de compromisso de seus próprios integrantes. Na desmoralização de objetivos a que se propõem. No aviltamento das instituições, reside imensurável risco para a estabilização das sociedades. Esse rebaixamento moral preocupa e assusta. Produz desordem.
Pior de tudo é verificar que os salafrários sempre têm discurso moralista para consumo externo, enquanto praticam horrores e solapam órgãos que deveriam preservar. Desviam o foco das atenções com a maestria de requintado falsário. Daí, o velho e sábio adágio: "- Faça o que digo, não faça o que faço".
A Controladoria Geral da União, segundo ofício n° 00090/2005, veiculado no FonteBrasil (www.fontebrasil.com.br), anunciou que irá investigar "denúncia de beneficiamento ilícito de obra pública" por parte do deputado estadual Titonho Beserra, do PT de Roraima. Isso foi no dia 3 de janeiro de 2005. Não se sabe a quantas anda.
Titonho Beserra é acusado de se valer de influência que certa vez exerceu, junto ao governo federal, fazendo com que o INCRA financiasse a construção de uma estrada dentro de sua propriedade "com o objetivo de valorizá-la".
De acordo com o mencionado ofício: "- Deixando de aproveitar três vias rurais próximas à fazenda do deputado e que até hoje são as mais utilizadas pelos produtores da região do Cantá". Pois é esse mesmo Titonho quem vive a cobrar "lisura" e "postura democrática" do atual governo estadual. Sem enxergar a teia na qual se vê enredado.
Na defenestrada gestão Flamarion Portela (2002-04), quando foi seu principal sustentáculo, o deputado carregava o então governador pela mão, nos gabinetes corruptos do desgoverno petista, apresentando-o a Delúbio Soares, José Genoíno, Waldomiro Diniz, Zé Dirceu e indivíduos de semelhante quilate. Conseguiu filiar sua ex-excelência ao PT.
Quando se revelaram descompassos no período Flamarion, Titonho Beserra se encolheu de forma conveniente e assistiu de bico calado o então presidente nacional do PT, José Genoíno (SP), ensaiar lições de moral ao convidar o governador a sair da legenda. Uma agremiação que se mostrou especialista em roubo e patifaria.
Já se sabia, mas pouco se divulgava na ocasião, que Genoíno ficara conhecido como "delator do Araguaia" ao entregar com frieza e indiferença seus companheiros de jornada guerrilheira. Todos mortos de forma inapelável, segundo depoimento do coronel Lício Ribeiro, no livro de Luiz Maklouf de Carvalho, "O Coronel Rompe O Silêncio".
Isso foi muito antes de se descobrir no aeroporto de Guarulhos (SP), o então assessor do deputado estadual José Nobre Guimarães (PT-CE), parlamentar irmão de Genoíno, com 250 mil reais numa pasta e cem mil dólares dentro da cueca no momento em que tentava embarcar para a capital cearense.
Agora, o jornal O Globo denuncia que boa parte dos deputados federais (os quais afirmam ter encaminhado a instituições de caridade, a montanha de dinheiro recebida na atual convocação extraordinária do Congresso Nacional), mentiu cinicamente. Colocando mais lama numa instituição que já se encontra afundada até o topo de suas duas torres.
O deputado Titonho Beserra está obrigado a prestar contas à população, em especial aos que sufragaram seu nome em 2004. Há de agir assim, pois não dispõe de credibilidade para exigir postura ilibada de quem quer que seja. Deve fazer isso, inclusive, para não ser apontado como um dos responsáveis pela derrocada moral das instituições do Estado.
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