- 02 de novembro de 2024
RIO DE JANEIRO - Quando políticos e administradores corruptos são flagrados e acusados com provas contundentes, a primeira resposta é sempre "minhas contas foram totalmente aprovadas pelo Tribunal de Contas!" (da União, do Estado ou do município). Quantos milhares de vezes já ouvimos essa frase? E o pior é que foram mesmo. Por incompetência ou desonestidade.
Nos Tribunais de Contas, uma maioria de cidadãos honestos (mas despreparados para a função) se mistura a políticos corruptos aliados e nomeados por presidentes, governadores e prefeitos por seus "serviços" prestados, ou como um "cala-a-boca", ou até para lhes dar imunidade para seus crimes. No tribunal, "julgam" as contas quem os nomeou.
Esses tribunais, que às vezes até descobrem falcatruas e pegam alguns ladrões, certamente estão bem aparelhados em técnicos, contadores e auditores honestos e competentes, capazes de nos dizer como foram gastos nossos impostos. Quanto arrecadou, quanto gastou, como, quando e onde. As contas têm de fechar. Ao contrário de políticos, números não mentem.
Uma nomeação muito bem remunerada para um Tribunal de Contas é uma das mais valorizadas moedas de troca no submundo da política brasileira. Principalmente porque, ao contrário dos Tribunais de Justiça, nos quais pelo menos é preciso ser formado em leis, o indicado a um Tribunal de Contas não precisa ser formado ou especializado em nada. Só ser amigo ou cúmplice de quem o nomeia.
Hoje em dia, com os modernos recursos humanos e tecnológicos, para que servem então os ministros, conselheiros e juízes desses tribunais? É difícil entender por que contas frias, objetivas e exatas necessitam de um "julgamento". Talvez uma auditoria independente, como a Price Waterhouse, fizesse um trabalho muito melhor, mais rápido e mais barato. E mais independente.