- 05 de novembro de 2024
Colocando-se de lado imperdoável indelicadeza, registrada na reunião realizada na última terça-feira (10), entre representantes brasileiros e venezuelanos (quando esqueceram de convidar o prefeito de Pacaraima, Paulo César Quartieiro, PDT), a iniciativa deve ser louvada. Neste primeiro encontro, foram colhidos alguns bons resultados.
Uma das maiores dificuldades que se pretende sanar, diz respeito à questão do contrabando de combustíveis desde a Venezuela. Como é de conhecimento geral, a periferia de Boa Vista abriga diversas residências que são postos ilegais de abastecimento.
São milhares e milhares de litros de gasolina estocados em recipientes precários e manuseados de forma descuidada por adultos e crianças. Se há necessidade de evidência, milagres existem! O fato de nenhuma delas ter ainda voado pelos ares, levando boa parte de adjacentes, é prova cabal.
Mas que fazer num quadro de grave crise econômica, tendo-se como vizinho um país a cerca de 220 km de distância, oferecendo gasolina a menos de 20 centavos de real o litro? E como resolver ingente questão, sabendo-se que nossas chamadas autoridades empurram determinado benefício com os pés e retiram vantagens com as duas mãos?
Fala-se agora em regularizar a importação. E a quem ela irá favorecer? Na gestão corrupta do então presidente FHC (1995-2003), vendeu-se a idéia de que a privatização de nossas estatais seria o caminho certo para o chamado desenvolvimento. Que o dinheiro a ser arrecadado iria pagar a dívida externa e solucionar todos os problemas nacionais.
O então sócio do presidente da República, Sérgio Motta, a quem sua excelência colocara no importantíssimo Ministério das Comunicações, chegou a afirmar, certa ocasião, que o Brasil iria auferir grandes lucros e vantagens, pois, "venderia o ar" (no caso da telefonia), "recebendo uma fortuna em troca de nada". Ninguém viu fortuna de coisa nenhuma. Tal como as palavras do ministro, tudo se esfumaçou.
O que se presenciou foi a entrega do Sistema Telebrás, este sim, doado a multinacionais depois de construído com grandes dificuldades com recursos do povo brasileiro. E a telefonia não trouxe qualquer vantagem, em termos financeiros, pois as contas foram majoradas em mais de 300% e a inadimplência subiu à estratosfera.
Como não se deve contemplar apenas uma região com possíveis benefícios, o que se deveria fazer seria reduzir nacionalmente o preço dos derivados de petróleo, já que em Roraima o litro de gasolina atinge o absurdo de três reais. Não se entendem as razões pelas quais o Brasil emprega o padrão dólar, no preço do óleo retirado do seu subsolo.
É possível que quando tiver a sorte de reencontrar um ditador como Getúlio Vargas (1930-45), que assumiu a Presidência pelo voto direto (1951-54), até o suicídio em 24 de agosto, o Brasil promova nova revolução. Foi Vargas quem criou a Petrobras e trouxe a economia brasileira da fase agrária para o período de industrialização.
Implantou política econômica que começou a ser desnacionalizada, justamente com a ascensão de Juscelino. Mas esse é um assunto que caberia a debates escolares e leituras históricas, sem a manipulação interesseira ora estimulada pela Rede Globo.
Os brasileiros, segundo o deputado estadual Raul Lima (PMDB), presidente da Câmara Brasileira/Venezuelana de Comércio e Indústria de Roraima, encontraram a melhor recepção por parte do vizinho país. Vamos torcer pelo segundo encontro. Antes que os EUA de Bush resolvam "democratizar" o vizinho país, atropelando acertos e acordos.
Email: [email protected]