- 05 de novembro de 2024
Brasília - Mesmo em ano eleitoral, as coisas no Brasil só retomam seu ritmo normal (embora pouco se saiba o que "normalidade" quer dizer) depois do carnaval. Dessa forma, teremos de esperar até primeiro de março, enquanto se aguarda melhor definição do quadro que aí se encontra.
As novidades do novo ano são e serão muitas. Mas causam certo cansaço, de tão repetitivas. De extraordinário mesmo, somente o pedido de intervenção em quatro municípios de Roraima, efetuado pelo Ministério Público Estadual. Coisa banal: falta de cumprimento da lei.
Alto Alegre, Bonfim, Caracaraí e São Luiz do Anauá deixaram de saldar dívidas de ações judiciais referentes a precatórios que datam de 1995, 97 e 2001. Os atuais prefeitos, quando assumiram, já encontraram a pendência. Como cada qual empurra a batata quente para queimar na mão do sucessor, eis que se chegou ao destino final.
As coisas rolam, enrolam e deslizam e tudo cai sempre no mesmo lugar. As soluções se vêem adiadas sine die. As discussões políticas são reiniciadas (será que aconteceu alguma pausa?), com alguns dos principais interessados fazendo contas e imaginando a melhor forma de distribuir fartos recursos públicos na compra de votos.
No Rio de Janeiro, o jornalista Zuenir Ventura, um dos artífices na busca pela aprovação do desarmamento, empreende agora uma campanha pelo voto nulo. O rei das causas perdidas! Votar nulo é idiotice sem igual. É muito simples de constatar. Basta verificar, em linhas gerais, a estrutura do sistema econômico vigente.
O chamado regime capitalista exclui cerca de dois terços da população. As contas são simples: se a gente dividir os 180 milhões de habitantes do país por três, teremos dois terços (cerca de 120 milhões), sem emprego, sem nenhuma participação na divisão do bolo. Dos cerca de 60 milhões que em tese participam, muitos estão em subempregos.
Engana-se o povo, porque se deseja deliberadamente falsear os fatos. Quando se afirma que existe um índice de 10% de desempregados, é aconselhável que cada qual faça seus cálculos corretamente, num exercício de melhor compreensão. É só olhar em volta e dentro de casa: quantos desempregados cada um de nós conhece ou tem como parente?
Quantos se encontram na rua do desespero, há anos e anos, sem saída? Por outro lado, é necessário também que se atente para a questão educacional. Hoje em dia, faculdades em profusão despejam diplomados aos montões, a maioria sem a menor qualificação. Formados e conformados.
O modelo econômico favorece apenas a agiotagem, desviando todos os recursos financeiros para o pagamento de dívida externa que há dezenas de anos foi paga. De maneira que as chamadas classes médias, integrantes do único terço que tem participação direta na renda nacional, precisa mesmo é de votar e tomar consciência do que acontece.
Quando essa parcela importantíssima, a única com acesso à parte da riqueza produzida, deixar de exercer o direito legítimo de opinião, através do voto, irá permitir que os dois terços de miseráveis e abandonados sejam manipulados por salafrários. Neste ano de 2006, é indispensável que a classe média se manifeste.
É preciso que se remova o PT, cassando-se o mandato de nosso amável beberrão, Dom Luiz Inácio (SP). Não mudar apenas por mudar, mas cobrar promessas e soluções. 2006 já se apresenta como um dos mais relevantes anos de nossa história. Feliz Ano Novo!
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