- 05 de novembro de 2024
A elaboração e publicação de notícias e reportagens sobre pesquisas científicas dependem cada vez mais do exercício do diálogo e aprendizagem entre pesquisadores e professores universitários de um lado, de jornalistas e assessores de imprensa do outro lado. Não pode ser encarada como cabo de guerra a aproximação entre eles, até porque este tipo de produção jornalística não deve chegar apenas a intelectuais e imprensa, mas à população interessada em saber, por exemplo, sobre curas de doenças e fontes de energia mais econômicas ou simplesmente em aprender mais sobre o universo e o planeta em que vivemos.
O saber público é o primeiro critério que se deve considerar na seleção e tratamento de temas científicos. É preciso considerar que as Universidades e fundações de pesquisa têm um importante papel no século XXI que é se fazer compreender pela sociedade para a qual trabalham. Outros critérios são a novidade e as demandas sociais por resultados de pesquisas e descobertas.
A elaboração de notícias e reportagens científicas deve atentar para uma linguagem acessível em que se deve encontrar termos acadêmicos devidamente esclarecidos e ilustrações e exemplos concretos que aproximem o conhecimento dos laboratórios e centros de pesquisa da realidade da população.
O jornalismo científico é de fato um desafio para jornalistas e assessores de imprensa de Universidades e instituições de pesquisa. Estes devem encarar a cautela do jornalismo especializado, neste caso respeitando tanto pesquisadores e cientistas como o público leitor, ouvinte e espectador.
Em 2005, tivemos o prazer de fazer a cobertura de projetos de pesquisa desenvolvidos por professores e alunos da UFRR. Mas para estrear esta seção de artigos intitulada Da Imprensa publicaremos mais uma vez uma notícia que produzimos sobre a padronização de técnicas de identificação dos sorotipos de dengue feita pela primeira vez em Roraima (no final do artigo). Ela serve como exemplo de um jornalismo científico que é fruto da paciência de jornalista e de pesquisadores.
Nós e a equipe responsável pela padronização escutamos e dialogamos muito até chegarmos a uma compreensão comum dos gêneros científico, mais especificamente biológico, e jornalístico. Além disso, foi feita a revisão conjunta de versões do texto até chegarmos ao produto final. Isto sim é um paciente diálogo. Mas como a imprensa diária em geral não tem tempo para este diálogo mais prolongado, é preciso que os professores de nossa instituição entendam que a compreensão numa entrevista é fundamental para a consolidação do seu papel social em levar conhecimento à sociedade e do papel da imprensa em ser mediadora das produções científicas. Eles também devem instigar repórteres, locutores e jornalistas a serem claros sem fugir dos conteúdos científicos. Isto tudo dá certo se a relação não for vista como cabo de guerra.
*Coordenador de Imprensa/UFRR