00:00:00

EDITORIAL - Educação na UTI

Se manter as crianças 12 horas na escola significa prática primeiro-mundista, Roraima pode dizer que já experimentou esse estágio. Pelo menos duas escolas adotaram essa práxis. As conhecidas e saudosas Escolas Integrais Severino Cavalcante, no Pintolândia I, e Ritler de Lucena, no bairro Cidade Nova.


Desnecessário dizer que sem educação uma nação não vai a lugar nenhum. Qualquer governante tem essa cantilena na cabeça. Mas, no Brasil parece que esquecê-la é o caminho natural. O descaso das autoridades é tamanho, a ponto de tal descalabro não lhes tirar o sono.

Segundo fontes da revista Veja de fevereiro deste ano, comparando o Brasil e a Coréia, dois países igualmente subdesenvolvidos no início da década de 1960, nota-se diferenças extremas ao longo destes últimos 45 anos.

Nos anos 60, ambos os países amargavam taxas de analfabetismo beirando os 35%. Hoje, a Coréia conseguiu praticamente erradicar o analfabetismo, enquanto o Brasil marca passo, com cerca de 13% de sua população mergulhada na escuridão das letras.

Enquanto a Coréia mantém cerca de 82% de seus jovens na Universidade, no Brasil só 18% conseguem essa proeza. Uma das razões para o sucesso coreano está no fato das crianças passarem pelo menos 12 horas por dia na escola, enquanto no Brasil, apenas quatro.

Lá, as crianças são acompanhadas de perto por seus pais, que investem nada menos que um terço da renda familiar na educação dos filhos. No Brasil, ao contrário, os pais estão lutando por conseguir alguma coisa para fazer em busca de garantir o pão-de-cada-dia, cada vez mais escasso. Sem falar que lá os professores ganham salário mensal em média de 6 mil dólares.

Se manter as crianças 12 horas na escola significa prática primeiro-mundista, Roraima pode dizer que já experimentou esse estágio. Pelo menos duas escolas adotaram essa práxis. As conhecidas e saudosas Escolas Integrais Severino Cavalcante, no Pintolândia I, e Ritler de Lucena, no bairro Cidade Nova.

Inauguradas e mantidas pelo governo do estado (gestão Neudo Campos) as escolas ofereciam alto nível de serviços prestados à comunidade. As crianças entravam pela manhã, período em que recebiam as aulas curriculares, lanchavam e almoçavam na escola. À tarde, praticavam atividades extra-curriculares, como educação artística, dança, aulas desportivas, entre outras.

Antes de retornar para casa, no final da tarde, recebiam um lanche que funcionava como um reforçado jantar. Entre tantos benefícios, estava o de que mães e pais desses meninos e meninas ficavam despreocupados com o dia dos filhos, sabendo que, enquanto passavam a jornada no trabalho, eles ficavam em boas-mãos, livres do aliciamento por traficantes e de passar horas ociosas com risco de enveredarem por caminhos maus.

O Fontebrasil lamenta o fato dessas Escolas Integrais terem sido descaracterizadas, passando a funcionar como escolas tradicionais. Ou seja, passaram a receber alunos em três turnos. Da mesma forma, este site lamenta que a sociedade não tenha sido informada das razões que levaram o governo (gestão Flamarion Portela) a adotar tal medida, que tantos prejuízos trouxe aos pais e aos alunos.

Aliás, na área da educação, muita coisa está descaracterizada em Roraima. Um exemplo são os processos instaurados pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE) contra a Prefeitura Municipal de Boa Vista sob a gestão da prefeita Teresa Jucá, por descumprimento da cláusula constitucional que obriga o gestor público a aplicar 25% do Orçamento na Educação.

A Assessoria de Comunicação do TCE disse que os processos estão em fase de julgamento e que não poderia dar maiores detalhes até que sejam concluídos. Enquanto isso, uma coisa é certa: a educação em Roraima esperneia para sair da UTI.

Últimas Postagens

  • 04 de novembro de 2024
BOLA FORA
  • 04 de novembro de 2024
NORTE INVESTIGAÇÃO