- 05 de novembro de 2024
No episódio que culminou na apuração do desvio de um pouco mais de 1 milhão e 430 mil reais dos cofres do Serviço de Assistência Social (SAS/PM) e da conta bancária da Polícia Militar de Roraima, muita coisa ainda precisa ser explicada.
Uma delas é que o oficial responsável pelo Inquérito Policial Militar (IPM), major PM Ronan Marinho Soares, solicitou ao comandante geral da PM, coronel Uzi Pereira Brisola, que oficiasse ao Gabinete Militar do Palácio Hélio Campos, solicitando que o soldado PM Evanilso Alves da Silva, um dos acusados pelo crime, fosse transferido do Gabinete para a Corregedoria Geral da PM, para ficar à disposição das investigações. Não há informações de que esse pedido já tenha sido feito.
O pedido se deu em razão de, durante as apurações, Marinho haver solicitado através de ofício a passagem à disposição do soldado ao seu chefe imediato, coronel PM Edison Prola, secretário-chefe do Gabinete Militar. A resposta de Prola, através de ofício que integra os autos, foi negativa. A justificativa é que o soldado estava "realizando um grande trabalho de informática para o Governo do Estado".
É algo espantoso o fato de que uma pessoa sob suspeita de acusação tão forte quanto a que pesa sobre os ombros de Evanilso, seja escolhida para realizar um trabalho de tamanha relevância em um ponto nevrálgico da administração estadual.
MPE
Outro dos envolvidos no escândalo, Paulo Oliveira da Silva, ex-funcionário civil do SAS/PM, é hoje servidor concursado do Ministério Público Estadual (MPE), ocupando a função de oficial de diligência. Quando o MPE tomou conhecimento de seu envolvimento com os desvios de recursos na PM e no SAS/PM, imediatamente mandou instaurar procedimento investigativo contra ele.
O responsável por esse procedimento é o promotor da Infância e Juventude, Márcio Rosas, que enviou vários ofícios ao major Marinho, solicitando informações a respeito do caso, para ajuizar suas investigações.
Mais uma vez, questiona-se que esteja havendo alguma forma de proteção em torno do soldado PM Evanilso, haja vista que o procedimento na PM é totalmente avesso à austeridade verificada no MPE.
Mesmo tendo conhecimento de todas as fases de investigações, inclusive agora com o IPM concluído e em fase de homologação pelo Comando, nem o comandante-geral nem o secretário-chefe do Gabinete Militar do Governo de Roraima mandaram instaurar qualquer processo específico contra o soldado PM Evanilso, que sequer fora chamado para dar alguma explicação.
Prejuízo aos associados
A sangria dos cofres do Serviço de Assistência Social chegou ao seu ponto de estrangulamento. É sentida hoje de forma contundente pelos associados. Um dos serviços mais procurados é o atendimento odontológico, que se acha totalmente deficitário.
Antes, para um associado ou dependente ser atendido pelos dentistas de plantão era necessário apenas que buscasse pegar uma ficha. Esta era entregue na manhã de um dia para o atendimento no dia seguinte.
Hoje, conseguir fazer um tratamento dentário pelo SAS é o mesmo que ganhar na loteria. A dificuldade veio com o crescimento do número de associados - policiais militares do Estado, que ingressaram a partir do ano de 2000 e o conseqüente aumento do número de dependentes,
O paciente com dor de dente entra numa fila que dura cerca de três meses para ser chamado. Ao ser chamado (quando é), não recebe o tratamento de imediato. Segue para uma junta que vai avaliar a necessidade do atendimento. Constatada essa necessidade, o paciente é encaminhado para o tratamento - canal, obturação, restauração e outros.
Cresceu o número de usuários e se escassearam os recursos em razão dos desvios praticados nos intestinos da entidade.