- 05 de novembro de 2024
A despeito do primeiro artigo com esse título, cumpre-me pedir desculpas aos milhares de leitores deste Fonte Brasil e aos quase nenhum deste ignorante articulista, pela "barriga" ali exposta com relação à trajetória do gasoduto acordado entre os presidentes da Venezuela e Argentina.
Escrito no calor da empolgação, haja vista o interesse desmesurado que tenho de ver Roraima deslanchar como uma grande e forte unidade da federação, tanto em nível econômico, como cultural etc., cometi o despautério de conclamar a que se tracem ingerências no sentido de fazer o gasoduto passar por Roraima para beneficiar esta gente tão sofrida.
Ocorre que esse trabalho braçal não será necessário. O pólo explorador de gás natural na Venezuela fica localizado no estado de Monagas, mais precisamente no Golfo Paria, Mar do Caribe, no delta do rio Orinoco. Assim, Roraima é o caminho natural do gasoduto, que não pode ser construído fora das margens de rodovias.
Esse caminho natural seria: saindo de Monagas, cruzaria Puerto Ordaz, entraria em Roraima pela BR-174, passaria obrigatoriamente por Boa Vista e desceria rumo a Manaus, de onde prosseguiria até seu destino final, a Argentina.
A princípio, entendi que o gás seria explorado no complexo petrolífero de Maracaibo, que faz fronteira com a Colômbia. Nesse caso sim, haveria necessidade de ingerência política para que o gasoduto pudesse beneficiar o estado de Roraima. Mesmo assim, ainda acredito que não seria impossível, caso houvesse vontade política.
A construção do gasoduto ainda está em nível de especulação. O único dado concreto foi o acordo assinado semana passada pelos presidentes dos três países - Venezuela, Argentina e Brasil. Mas é algo promissor, em se tratando de quem se trata.
A Venezuela tem hoje a faca e o queijo na mão. Os petrodólares falam mais alto quando o assunto envolve recursos necessários. E isso o vizinho país tem de sobra. Vontade política, acredito, também não faltará. O presidente Hugo Chávez Frias acaba de se vir fortalecido politicamente. Reina absoluto no Executivo, Judiciário e Legislativo.
Nas eleições ocorridas no último dia 4, Chávez conquistou 100% das cadeiras na Assembléia Nacional. Esse dado é de extrema importância - apesar de analistas políticos enxergarem aí a destruição da democracia - porque arremete para o fato de que o presidente terá pela frente um mandato extensivo de longa duração.
Como a construção de uma obra dessa envergadura demanda tempo, além de altíssimos volumes de recursos, a permanência de Hugo Chávez no poder por um longo período - pode até mesmo repetir a reeleição, por exemplo - é um detalhe de importante relevância.
Jornalista; autor de "Até Quando? Estripulias de um governo equivocado".; e-mail: [email protected]