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INSISTINDO NUMA SAÍDA LEGAL - Márcio Accioly

Em Roraima, onde existem seis pelotões destinados à cobertura de cerca de dois mil quilômetros de fronteira, o general Madureira, comandante da 1ª Brigada de Infantaria de Selva, faz das tripas coração para administrar um cenário de penúria e quase absoluta ausência de recursos.


Apesar de parcela considerável dos parlamentares no Congresso Nacional estar mais preocupada em fazer negócios e participar de falcatruas, continua a repercutir seriamente a manifestação dos comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica (efetuada no Senado, na semana passada), denunciando o sucateamento das Forças Armadas do país.

O presidente Dom Luiz Inácio (PT-SP), primeiro e único, nosso amável beberrão, ainda não se pronunciou a respeito. Mas sua excelência tinha posição firme e forte, antes de tomar posse, condenando o que chamava de "postura covarde" do seu antecessor, FHC (1995-2003).

Como todos se recordam, FHC, monitorado pelos EUA, acabou com essa história de Ministérios militares e criou o Ministério da Defesa que passou a ser dirigido por um civil. No primeiro indicado pelo então presidente, a infelicidade da escolha não demorou a se revelar. Foi quando deu posse ao ex-senador Élcio Álvares.

Em menos de um ano (ficou do dia 10/06/99 a 24/01/00), o ministro teve de cair fora por conta de denúncias amontoadas, inclusive a que o apontava como vinculado ao tráfico. O que levou à óbvia constatação de que apesar de oriundo do estado do Espírito Santo, encontrava mais receptividade junto às forças do mal.

Além do mais, os civis até hoje apontados só tomaram consciência da variedade do armamento existente no mundo, devido ao que observavam na exposição de vitrines em lojas do gênero. Nada disso significa ou significou coisa alguma para o ex-presidente FHC e o atual mandatário, este mais preocupado com viagens infindáveis e marcas de bebida.

Em Roraima, onde existem seis pelotões destinados à cobertura de cerca de dois mil quilômetros de fronteira, o general Madureira, comandante da 1ª Brigada de Infantaria de Selva, faz das tripas coração para administrar um cenário de penúria e quase absoluta ausência de recursos.

Por questão de disciplina, o general não fala. Mas todos sabemos da impossibilidade de manutenção de um esquema de defesa numa situação em que a tropa, na maioria das vezes, carece até mesmo de suficiência de gêneros alimentícios.

O mais interessante de tudo é notar que a maioria dos nossos homens públicos deita falação contra a miséria, absurdos, irregularidades e desmandos cometidos, mas quando se vê empossada passa a agir como se a única coisa que importasse fosse o enriquecimento ilícito através de falcatruas e bandidagem. Quando iremos dar a volta por cima?

Precisamos deflagrar agora uma campanha diferente: não se trata mais de pregar a necessidade de se ter a Amazônia para os brasileiros, mas a de se resgatar o Brasil para os que aqui nasceram e nele vivem. Claro que, para isso, teremos de dar início a um processo de limpeza que elimine dos cargos públicos os salafrários que aí pululam.

É indiscutível que existe muita gente boa e de qualidade, mas é preciso separar o joio do trigo, dando-se um basta à indiferença e à falta de participação. Pior do que reclamar é se excluir do processo e deixar correr à revelia. Nosso sistema de escolha de representação é fraco e deficiente, mas é o único de que dispomos.

Quando alguém aparece e diz que não pretende votar em ninguém, nas próximas eleições, traduz sentimento de revolta em posicionamento equivocado. Não votar em ninguém é perpetuar o desespero que insiste em ser permanente. Tem de votar, sim, para mudar as estruturas por dentro. Afastando os que tiveram chance, mas não corresponderam.

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