- 05 de novembro de 2024
Folha de S. Paulo
Acusado de envolvimento no escândalo do "mensalão", o deputado federal Wanderval Santos (PL-SP) responsabilizou ontem o ex-deputado Carlos Rodrigues (PL-RJ) pelo saque de R$ 150 mil que aparece em seu nome na lista apresentada pelo publicitário Marcos Valério de Souza.
Durante depoimento ao Conselho de Ética, o deputado complicou-se ao admitir ter sido sócio de Rodrigues em rádios e ter assinado emenda ao Orçamento de 2006 em favor de fundação ligada a um assessor seu.
O relator do processo, Chico Alencar (PSOL-RJ), classificou o depoimento de "complicado" e "nebuloso". "Apesar de ele negar os vínculos com Rodrigues, foi (ou ainda é) seu sócio em diversas rádios, mostrando uma relação intensa." "Nós vamos trabalhar a partir de todos esses elementos", completou.
Wanderval está sendo processado porque seu motorista, Celio Marcos Teixeira, esteve no banco Rural em 17 de dezembro de 2003 e sacou R$ 150 mil de uma conta de Valério. Wanderval afirma que Teixeira agiu a mando de Rodrigues, que, segundo ele, tinha ingerência sobre assessores de deputados ligados à Igreja Universal.
"Ele [Rodrigues] não era somente nosso orientador político, mas nosso orientador espiritual. Nunca pensamos que pudesse usar nossos funcionários para se locupletar pessoalmente", disse.
Wanderval contou que não tem mais bom relacionamento com Rodrigues e que já desfez a sociedade em rádios. A Folha não conseguiu localizar Rodrigues ontem.
Wanderval admitiu ter assinado uma emenda ao Orçamento da União em favor da Fundação Maria Fernandes dos Santos, pela qual um assessor dele identificado apenas como Martins seria o responsável.