- 05 de novembro de 2024
O aparelho policial roraimense jamais esteve tão vulnerável quanto nestes últimos dias. Um caso escabroso na Polícia Militar e outro na Polícia Civil dão o tom da desdita. Morte de jovens cidadãos nos dois casos. Perdas irreparáveis tanto para a sociedade como para as famílias atingidas.
Justificativas? A princípio parece não haver. Como explicar, por exemplo, a morte do pedreiro Cesár Augusto, atingido e morto por um tiro dentro de uma viatura da Polícia Civil enquanto em deslocamento? Que reação tão aterradora poderia ter esboçado o pedreiro, algemado, a ponto de pôr em risco a vida dos policiais para que houvesse tão insidiosa atitude? Cesár Augusto foi detido mesmo por quê?
No outro caso, como explicar o tiro desferido para o alto pelo policial militar, cujo projétil encontrou na sua trajetória a silhueta de um estudante de dezessete anos que se achava, talvez, espiando, curioso, o que acontecia no térreo de uma pizzaria?
No caso da PM, a clássica declaração: "Estamos apurando". No caso da Civil, resposta mais escandalosa ainda. Pelas explicações do delegado, é possível que o morto tenha sido o único responsável pela própria morte. Quem sabe, não se suicidou com o revólver do agente?
O Fontebrasil, como órgão de imprensa que é, não se arvora ao direito de fazer justiça. Entretanto, cobra veementemente do estado atitude enérgica no sentido de promover uma resposta satisfatória à sociedade quanto aos desmandos praticados até aqui por suas duas forças policiais. É o que se espera do Ministério Público, da Ordem dos Advogados e da Justiça Estadual.
É certo que houve, no caso da Polícia Civil, um curso preparatório para aqueles que galgaram êxito no concurso público. Mas, qualquer um pode ver que menos de três meses de curso é tempo insuficiente para plantar no indivíduo toda uma liturgia do cargo de policial, especialmente quando se trata de uma corporação latente, que não possuía, pode-se dizer assim, nenhum cacife anterior a dar-lhe respaldo.
Este site entende que, em hipótese alguma, a população pode ficar a mercê do medo que vem sendo plantado pelas instituições. Entende que, constitucionalmente, são pagas pela própria sociedade para lhe garantir um dos direitos mais sagrados, que é o de ir e vir em segurança.
Os pais querem ter a certeza que podem deixar seus filhos em locais de diversão sadia e que, ao voltar para buscá-los, os encontrarão felizes e com a integridade resguardada. O cidadão precisa acreditar que os policiais estão em seus postos de trabalho para lhe garantir a segurança e não a amedrontá-lo.
Faz-se necessário uma mudança radical de atitude no aparelho policial. É tempo de começar a fazer uma varredura generalizada, tanto na Polícia Militar como na Civil, para extirpar delas os maus policiais,.
A sociedade não aceita mais um bando fardado ou com distintivo no peito a sair por aí matando inocentes a torto e a direito. Quem age dessa forma deve cantar em outra freguesia. Polícia é lugar de quem abraça o sacerdócio de guardar vidas alheias.