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ENGANADORES DE PLANTÃO - Márcio Accioly

O vice-presidente da República, José Alencar (MG), é figura cujo comportamento está muito próximo do indivíduo classificado como vivaldino, espertalhão.


            O vice-presidente da República, José Alencar (MG), é figura cujo comportamento está muito próximo do indivíduo classificado como vivaldino, espertalhão. Só que, às vezes, o sabido demais se esborracha. Quando assumiu o cargo em 2003, em companhia de Dom Luiz Inácio (PT-SP, nosso amável beberrão), José Alencar se encontrava filiado ao PL de Valdemar Costa Neto (SP).

            Sua excelência, desde o início desse governo de quadrilheiros e falsários, adotou o procedimento de projetar imagem contrária à gestão petista no que se refere à política econômica. Sempre que tinha oportunidade, fazia discurso repetitivo contra a taxa de juros, embora não apresentasse qualquer alternativa ao modelo que aí se encontra e que perpetua nossa miséria.

            Ambicioso e consciente das limitações impostas pela idade avançada, chegou a declarar num dos momentos cruciais da atual crise política, estar "preparado para assumir as funções de presidente, caso aconteça o pior". Foi a assunção explícita de seu desejo extremado.

            Nomeado para o Ministério da Defesa, demonstrou conhecer tanto de armamento, estratégia e gestão militar quanto Dom Luiz Inácio entende de conjugação de verbos ou de plural das palavras. Num dos piques da crise, descobriu-se que sua excelência estava no apartamento de Valdemar Costa Neto, à época em que se dicutiam valores a serem pagos na chamada composição eleitoral.

            Valdemar Costa Neto renunciou ao mandato de deputado federal, quando se viu inteiramente desmascarado. E o vice-presidente jamais desmentiu o que foi dito a respeito de seu envolvimento em algumas negociações, digamos, pouco ortodoxas. Mesmo assim, tomou providências que considerou indispensáveis aos seus propósitos.

            Pulou para o Partido Municipalista Renovador, que obedece aos ditames do "bispo" Edir Macedo (Igreja Universal do Reino de Deus), deu uma esfregada de bombril na imagem meio embaçada, enxugou o rosto com um lenço umedecido com óleo de peroba, retirou o pigarro que obstruía à boa dicção e foi à luta.

            O discurso é o mesmo, sempre contra as altas taxas de juros, mas certas atitudes desviam-se para a impudência: sua excelência chegou a participar de ato político pró Zé Dirceu (PT-SP), dias antes da Câmara dos Deputados  cassar o parlamentar por falta de decoro.

            A defesa de Zé Dirceu rendeu-lhe forte reação negativa do Clube da Aeronáutica que, em nota assinada por seu presidente, tenente-brigadeiro do ar Ivan Frota, cancelou convite já efetuado para que proferisse palestra ao seu quadro social. O fato não alcançou maior repercussão nos meios de comunicação, mas a decepção com José Alencar é muito maior do que se imagina.

            Agora, montado no mesmo esfarrapado discurso, o vice-presidente retomou o tema econômico e deitou falação a respeito da queda do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro. Sua credibilidade, porém, anda em baixa. E, ainda por cima, envolveu o Criador no problema, ao afirmar que "o país tem como retomar o crescimento econômico, pois Deus é brasileiro". Sandice!

            Com a casta de insensatos que não enxerga o naufrágio, o país tem tudo para afundar. Por que não se cumpre a determinação constitucional que obriga a realização de auditoria na dívida externa do país? Por que não se retiram Antônio Pallocci Filho (Fazenda) e Henrique Meirelles, presidente do Banco Central, comprovadamente envolvidos em crimes dos mais diversos?

            Dom Luiz Inácio aposta no confronto, em sua tentativa de reeleição. A criação de programas sociais que nada acrescentam, na distribuição de recursos financeiros a grupos familiares (uma esmola permanente), nada mais é do que cortina de fumaça cujo foco se concentra no pleito de 2006. Ele parece não se preocupar (e até estimula) a barafunda social aí armada.

            Sem o apoio das chamadas classes médias, o presidente alimenta currais que se empenhem na sua defesa, enquanto a economia vai sangrando na extorsão praticada pelos países do chamado primeiro mundo. Tudo com seu beneplácito. Não há como projetar o futuro, na insistência do rebatido e desastrado  modelo.

            Com a cassação de Zé Dirceu, os integrantes do PT acreditam que tudo será esquecido e a legenda poderá se dedicar, doravante, à tentativa de reeleição do comandante. Mas falta cassar o principal, o próprio presidente da República. Tarefa a ser cumprida pelo voto, em 2006.

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