- 06 de novembro de 2024
Brasília - Por causa de um trabalho de escola da minha filha Manoela, revi com ela o filme "Gladiador", vencedor de um punhado de Oscars, e que conta a história do general romano Maximus, braço direito do imperador Marcus Aurélius, morto pelo filho Comodus, que ambicionava o trono do império de Roma.
Comodus não comungava com a república, estilo de governo romano onde o Senado exercia forte influência na aplicação de recursos e na administração do império. Ele almejava o poder absoluto, mas sabia que só com apoio da massa calaria os senadores e colocaria em prática a sua política de governo.
Aí surgiu a máxima de que se ganha o povo com duas ações: pão e circo. Investiu-se no chamado "jogos" onde na preliminar cristãos eram jogados na arena para um mano-a-mano com leões famintos.
No jogo principal, entravam em campo os gladiadores contra o time de assassinos bem melhor equipado. O povo delirava com tamanha violência. Durante as "partidas", pães eram jogados à platéia. A história conta que Máximus e Comudis viveram no ano 180 da era cristã, portanto há 1.825 anos atrás.
No presente, nada mais atual e verdadeiro. Pão e circo para o povo. No presente, nada mais próximo e oportunista. Um arraial junino em pleno clima de Natal com o pagamento do 13º salário providencialmente pago para os três dias de pão e circo na praça do Garimpeiro.
Não sei quanto à urgência ou mesmo necessidade de um "são João" onde o povo clama e reclama por emprego, por remédios e melhor atendimento em postos médicos, por investimentos em educação, por ruas e avenidas sem buracos, por saneamento básico e por uma cidade mais limpa.
O custo do "arraial da prefeita" é sigilo absoluto. Mas dá para imaginar que daria para investir bem melhor em ações sociais mais nobres do que em diversão. Diversão é solução?
Ao final de "Gladiador", enciumado com a popularidade de Maximus, o general que virou escravo e depois gladiador, Comodus o desafiou. Antes porém, tratou de feri-lo para que a disputa fosse mais fácil a seu favor. Não deu certo, perdeu e morreu no centro da arena dos jogos que o manteve no poder.
Não será surpresa se a lição se repetir 1.826 anos depois, onde a história faça justiça separando o pão, o circo e a inteligência do povo.