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EDITORIAL - Cadê o desenvolvimento?

Em resumo, fica difícil dizer o que evoluiu ou renovou em Roraima nesses 15 anos. Exemplo: Em 1990 disputavam o governo os mesmos nomes que vão disputá-lo em 2006.


O estado de Roraima tem toda a infra-estrutura necessária para viver um boom de desenvolvimento. Só falta mesmo acontecer. Mas essa espera já está se tornando longa demais, a ponto de começar a semear a desesperança no seio do povo.

Números da Associação Comercial e Industrial de Roraima (ACIR) mostram que a economia local vive dias de desespero. Apesar de experimentar curtíssimo período de expansão, a partir de 1998 voltou a encolher, chegando agora, em 2005, ao nível mais sofrível.

Para o lamento geral, a iniciativa privada responde por apenas 10% das riquezas geradas internamente, tendo como fonte maior o extrativismo. Os 90% restantes, ficam ao bel prazer dos recursos públicos. Escassos, diga-se de passagem, em tempos de orçamento contingenciado (falta generalizada de investimentos).

Grosso modo, é a volta da "economia do contracheque", velha conhecida em nosso meio, haja vista ter sido o diapasão que deu o tom da pisada durante a longa e tenebrosa noite conhecida como Território Federal.

Há quem diga que tudo se deve à falta de planejamento, de projeto de desenvolvimento. Nem tanto. Os PPAs dormitam em alguma gaveta do Poder Executivo. O que falta mesmo é vontade política para operacionalizá-los. As autoridades que se sucederam nesses 15 anos de estado implantado pouco ou nada fizeram nesse sentido. Os impedimentos vieram de todos os lados.

Um exemplo clássico de descaso está na atuação - ou falta dela - do senador Romero Jucá (PMDB). Durante os oito anos de governo FHC, apesar de comer na cozinha do presidente, Jucá nada fez pelo estado. Ou melhor, fez sim, tentou barrar qualquer projeto que pudesse significar seu desenvolvimento. Tudo por picuinhas que nutria pelo governador de plantão.

Mesmo tendo Jucá como pedra de tropeço, alguns avanços foram feitos nesse período, tais como a pavimentação da BR-174 e a implantação do Linhão de Guri, que trouxe energia confiável ao estado.

Apesar desses dois gargalos eliminados (estrada e energia), o desenvolvimento de fato e de direito não floresceu. Mais uma vez, um dedinho do senador. Mantendo relação atávica com o Poder, graças a uma invejável capacidade camaleônica, Jucá foi responsável pela homologação da Reserva Raposa Serra do Sol, que solapou grandes esperanças do agronegócio local.

Aliás, ao lado de questões cruciais como a guerra fiscal travada com a Zona Franca de Manaus e relações fronteiriças de comércio - Venezuela e Guiana -, a mal-resolvida questão fundiária é ainda o maior entrave para o desenvolvimento do estado, conforme entendimento da ACIR.

Em resumo, fica difícil dizer o que evoluiu ou renovou em Roraima nesses 15 anos. Exemplo: Em 1990 disputavam o governo os mesmos nomes que vão disputá-lo em 2006.

A pergunta que fica é: até quando teremos que viver como se quintal de Brasília fôssemos, à mercê da boa-vontade de um governo central que, a propósito, vive de costas para Roraima? Onde está a classe política que, parece, não tem vez nem voz para fazer valer a condição de estado-membro? Afinal, cadê o desenvolvimento?

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