- 06 de novembro de 2024
Uma coisa impressionante, neste nosso desmoralizado país, diz respeito ao cinismo de boa parte das chamadas autoridades, quando quer justificar falcatruas e bandalheiras. Livrando a cara de quem não tem como ser absolvido. Veja-se o caso do ministro Antônio Pallocci Filho (Fazenda), apontado como mago da gestão econômica (todos eles são).
Pallocci é figura muito inteligente, assim como seu suposto patrão, o presidente, que consegue enganar considerável maioria. Falante, trocando esses por efes, entende de economia como Dom Luiz Inácio entende de gramática. Mas, apesar de tudo, vê-se elogiado em suas intervenções e poupado como se gênio da lâmpada fosse.
Acontece que Pallocci é ser dócil e monitorado pelo chamado grande capital, figura que cumpre seu papel ao pé da letra, tristemente designado. Tornou-se, portanto, criatura "imprescindível", dentro da máquina administrativa que mói esperança e pessoas. O ministro está situado na ponta de linha do extremo operacional de estrutura insensível.
Daí, a gama de elogios com que se vê saudado, nas vezes em que é obrigado a comparecer a algum tipo de inquirição acerca do seu passado. Principalmente, no que se refere ao registro de suas duas gestões na prefeitura de Ribeirão Preto (SP). Ele é acusado (e existem documentos comprobatórios) de ter montado azeitado esquema de corrupção.
O que se nota é que, depois de cada depoimento ou meia satisfação prestada, seus defensores emergem dos escurinhos de onde observam reações, para tecer loas ao desempenho de sua excelência. Louvam o fato de ter se portado como inocente, apesar de possuir ficha criminal que amontoa considerável quantidade de crimes. Indesmentíveis!
Como se Pallocci fosse ator obrigado a atuação que o habilitasse a prêmio de destaque para a categoria. O fato de o ministro se sair bem, nas entrevistas e depoimentos espontâneos, não tem reduzido, no entanto, o impacto das graves acusações que lhe são imputadas. O que prova a existência de dois pesos e duas medidas
Sua excelência é acusado de receber caixinha de 50 mil reais mensais, à época em que dirigia a prefeitura, além de apontado como chefe de esquema que superfaturou obras, desviou recursos e vendeu facilidades. Se a lei deve ser aplicada com eqüidade (seguindo preceito constitucional), não tem por que Pallocci ser excluído
Não importa que ele seja bom ator, ou não. Que se mostre bem sucedido nas respostas, aparecendo sempre de ânimo calmo, e deixando clara a certeza de quem estará isento e livre. Sabendo-se que levou para o Ministério da Fazenda boa parte daqueles que formavam verdadeira quadrilha de assaltantes dos cofres públicos em Ribeirão Preto
E ainda dizem que nossa economia vai bem e tranqüila. Pallocci já deveria ter sido demitido
A outra figura de proa (o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles), foi flagrado pela CPI do Banestado na prática de crimes de sonegação, falsificação de documentos e evasão de divisas. A CPI foi relatada pelo deputado federal José Mentor (PT-SP), flagrado na esteira do valerioduto, extorquindo e ameaçando com ar impassível
Nunca se anunciou qualquer medida punitiva para tais crimes. Pelo contrário: o presidente Dom Luiz Inácio (PT-SP), primeiro e único, elevou o cargo de Meirelles ao status de ministro, com o fito único de livrá-lo de qualquer ação no âmbito da Justiça comum. Ele só pode ser processado pelo Supremo Tribunal Federal - STF
E ainda dizem que o Brasil oferece exemplos aos desiludidos.
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