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Parlamentares não provam destino do dinheiro

Os deputados acusados de receber recursos do esquema do empresário Marcos Valério Fernandes têm dificuldades para comprovar como gastaram esse dinheiro nas campanhas eleitorais, conforme alegam. Tanto os que renunciaram ao mandato para fugir da cassação como os que ainda respondem a processo por quebra de decoro.




Jailton de Carvalho e Evandro Éboli

BRASÍLIA. Os deputados acusados de receber recursos do esquema do empresário Marcos Valério Fernandes têm dificuldades para comprovar como gastaram esse dinheiro nas campanhas eleitorais, conforme alegam. Tanto os que renunciaram ao mandato para fugir da cassação como os que ainda respondem a processo por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética não estão conseguindo convencer investigadores e relatores. A não comprovação do uso do dinheiro pode complicar ainda mais a situação dos envolvidos.

O deputado Professor Luizinho (PT-SP) e o ex-deputado Paulo Rocha (PT-PA), que renunciou em consequência das denúncias sobre o suposto mensalão do PT para parlamentares da base governista, entregaram à Polícia Federal papéis na tentativa de comprovar que usaram o dinheiro repassado por Valério para cobrir despesas de campanha e não gastos pessoais. Em vez de notas fiscais, Luizinho apresentou à polícia algumas declarações de pessoas que teriam prestado serviço na campanha eleitoral de alguns de seus aliados políticos. Pela lista de Valério, Rocha recebeu R$ 920 mil do caixa dois da antiga cúpula do PT.

O presidente do PL, o ex-deputado Valdemar Costa Neto (SP), o primeiro no ranking do valerioduto, também não apresentou os comprovantes dos gastos dos R$ 10,8 milhões que teria recebido de Valério, segundo a lista do empresário.

O líder do PP, deputado José Janene (PR), nega que tenha recebido R$ 4,1 milhões de Valério, como aponta o empresário. Segundo auxiliares do deputado, o PP poderá comprovar que recebeu R$ 700 mil de Valério e usou o dinheiro para os honorários do advogado Paulo Goyaz, encarregado da defesa do deputado Ronivon Santiago (AC).

O deputado Romeu Queiroz (PTB-MG), por exemplo, que recebeu R$ 452 mil do esquema de Marcos Valério, disse que repassou os recursos para o partido e para candidatos no interior de Minas, mas não registrou esse dinheiro na Justiça Eleitoral. Por esse motivo, teve o pedido de cassação do seu mandato aprovado pelo conselho, por 12 a 2, e agora vai a julgamento no plenário.

João Paulo não explicou destino de R$ 50 mil sacados

O deputado e ex-ministro Roberto Brant (PFL-MG), que está sendo julgado pelo Conselho, também enfrenta problemas. Ele recebeu dinheiro da Usiminas, pago pela SMP&B, de Valério, para sua campanha à Prefeitura de Belo Horizonte em 2004.

O principal problema até agora envolvendo notas que justificassem o gasto do dinheiro envolve o ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT-SP). Ele depôs no Conselho de Ética e não convenceu com sua explicação para o saque de R$ 50 mi feito por sua mulher no Banco Rural, supostamente para o pagamento de pesquisas eleitorais.

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