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Não se deve ser flexível com malfeitores - Márcio Accioly

O doutor Augusto Botelho (PDT) é tido e havido como ser afável e de excelente trato pessoal. Pessoa respeitada e elogiada na sua área de atuação profissional. Na condição de homem público, no entanto, seu comportamento tem deixado muito a desejar.


O doutor Augusto Botelho (PDT) é tido e havido como ser afável e de excelente trato pessoal. Pessoa respeitada e elogiada na sua área de atuação profissional. Na condição de homem público, no entanto, seu comportamento tem deixado muito a desejar.

Faz com que todos sintam saudade do médico que por força das circunstâncias vê-se obrigado a se ausentar.

Depois de ter enveredado pela arena política, só tem andado na contramão. Quando decidiu disputar o Senado, em 2002 (cargo que alcançou com a expressiva contagem de 77 mil e 635 votos), é certo que sua excelência se empenhou na reeleição do então governador Flamarion Portela. Foi naquele instante, decisivo, catapultado pela máquina oficial.

Longe daquele forte esquema eleitoral, dificilmente teria alcançado a vitória (Roraima, até a data de hoje, só registra um caso de fenômeno sem igual, quando levou o ex-governador Hélio Campos à cadeira senatorial em 1990. Contenda em que se apresentou sem recursos financeiros e a saúde já precária, mas com o apoio maciço de toda população).

Mas, logo na eleição seguinte (a municipal de 2006), o senador Augusto Botelho optou pela omissão. Diante de impasse vivido no cenário político confuso, cheio de apreensões, sentindo-se premido por conveniências de natureza pessoal, achou por bem se esquivar. Como Pilatos, lavou as mãos.

E apesar de ter chegado até mesmo a ensaiar apoio ao candidato Júlio Martins (PFL), que à época se abrigava nas hostes do PSDB, o senador desapareceu numa tarde em que parecia ter firmado compromisso para reaparecer somente depois de decidido o pleito.

Ora, o quadro que nós temos aí é esse mesmo. A única forma de mudá-lo, fazendo com que surjam novas alternativas (que se adaptem aos nossos desejos e ao da maioria), é se engajando, lutando com as armas de que se dispõe, na esperança de que se consiga alcançar o chamado bem comum.

De maneira que se omitir de forma deliberada, querendo que tudo se ajuste por si só, não parece opção das mais recomendáveis. O PDT, em 2002, elegeu três representantes para o Congresso Nacional: além de Augusto Botelho, os deputados federais Moisés Lipnik (que morreu no exercício do mandato) e Rodolfo Pereira, também médico.

Rodolfo Pereira, na votação do requerimento que solicitava a prorrogação da CPI dos Bingos, estranhamente retirou sua assinatura na última hora, atendendo determinação do Palácio do Planalto. A CPI só foi prorrogada por milagre, contendo número mínimo de assinaturas exigidas pelo Regimento Interno.

E agora, mais uma vez, não satisfeito com o histórico de posições equivocadas, o senador Augusto Botelho retirou sua assinatura do requerimento que iria levar o ministro da Fazenda, Antônio Pallocci Filho, para depor na mesma CPI dos Bingos. Será que sua excelência é favorável a que nada se apure?

Pallocci está envolvido em toda sorte de tramóia e de maracutaia. Nas suas duas passagens pela prefeitura de Ribeirão Preto, criou esquema de corrupção que hoje se encontra ampliado no plano federal. Não merece contemplação. O ministro, fala-se agora, deverá ir depor na CPI dos Bingos na condição de "convidado".

A posição do ilustre senador por Roraima mina fortemente o explícito desejo de disputar o governo estadual no próximo ano. Afinal, a gestão da coisa pública não deve ser escondida com manobras escusas, nas quais o governo federal usa o expediente do abafa.

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