- 06 de novembro de 2024
No livro "A Melhor Democracia que o Dinheiro Pode Comprar", o repórter investigativo Greg Palast conta em minúcias o que foi a entrega do Brasil, promovida pelo então presidente FHC (1995-2003), o qual jamais se dignou a rebater qualquer linha ou palavra do que ali se encontra grafado. Naquela gestão, a desnacionalização de nossa economia foi de cerca de 78%.
O livro relata como a direção do país ficou nas mãos do então secretário de Tesouro dos EUA, Robert Rubin, enquanto FHC viajava, praticava corrupção generalizada e inomináveis crimes de lesa-pátria. Só se via o presidente brasileiro sendo premiado por universidades, como se tivesse descoberto alguma coisa de fenomenal, espécie de Albert Einstein tupiniquim.
O problema é que se FHC for colocado num canto qualquer e espremido, não sobrará nada de positivo. E o mais grave é que ele nada assume, nem mesmo os filhos tidos fora do casamento, fazendo questão de escondê-los (um com a jornalista da Rede Globo, Miriam Dutra e o outro com a cozinheira do senador Ney Suassuna, PMDB-PB).
Depois de FHC, os brasileiros sem saída e sem opção resolveram confiar no ex-metalúrgico que já havia sido candidato à Presidência da República por três vezes. Ganhou na quarta tentativa. Descobriu-se que, ao se substituir o intelectual boca frouxa por um proclamado homem do povo, inculto e analfabeto (mas extremamente inteligente), trocou-se o nada por coisa nenhuma.
Primeiro, porque o novo mandatário deu seqüência à mesma política entreguista que jurava ir combater, dilapidando o patrimônio nacional dentro do mesmo ritmo.
Segundo, porque o PT de tantas lutas e de tantas ações concretas em defesa da ética e da moral, mostrou ser apenas uma legenda de fachada, reunindo ladrões e assaltantes do mesmo quilate daqueles que dizia abominar. O partido aguardava tão somente a oportunidade de ser colocado frente à frente os cofres públicos, a fim de raspá-los.
Finalmente, o presidente revelou-se beberrão inveterado, o qual utiliza programas sociais cujo único objetivo é o de perpetuar velhos currais eleitorais, com o fito de se eternizar no poder. O mesmo cidadão que condenava com veemência o instituto da reeleição (comprada a peso de ouro na desadministração FHC), não pensa agora em outra coisa.
O partido que se apresentava como sendo dos trabalhadores mostrou sua face mais cruel: são inúmeros os esquemas que emergem, deixando bem clara a roubalheira praticada em caixinhas montadas nas prefeituras que dirigiu. E Antônio Pallocci Filho, ministro da Fazenda, é apontado como um dos mais corruptos nas duas passagens pela prefeitura de Ribeirão Preto (SP).
Sem argumento para rebater provas contundentes, Pallocci persegue a defesa de uma política econômica que pereniza a dependência brasileira, modelo que fatalmente irá nos levar a uma explosão da mais alta magnitude, quando não se tiver mais como pagar as dívidas externa e interna. E o pior de tudo é que já se fala na possibilidade de Delfim Netto (PMDB) substituir Pallocci.
Para os jovens que nunca ouviram falar, é preciso que se diga que Delfim Netto foi o homem mais forte do regime militar (1964-85), deitando e rolando em cima de modelo econômico que levou até o pior ditador daquela fase, presidente Médici (1969-74) a declarar: "- A economia vai bem, mas o povo vai mal".
No governo seguinte, Ernesto Geisel (1974-79), Delfim foi enviado para a França como embaixador, tornando-se comhecido como "o embaixador dez por cento". Foi uma das figuras mais odiadas da República. Como a memória é curta (e quase todos comem no mesmo cocho), está de volta com a promessa de ir para a Fazenda, favorecido justamente pelos que mais o execravam.
As instituições brasileiras estão apodrecendo, por conta dos homens públicos que as integram. De repente, descobre-se que tudo vai ficando sem crédito, completamente desmoralizado. Não existe maior perigo. É ncessário que se procure, afinal, dar um basta em tal processo, na busca de indispensável reversão.
As eleições do próximo ano irão servir, mais uma vez, como válvula de escape para ambiente corroído e insuportável. As chamadas autoridades não querem ouvir o clamor das ruas. Só nos resta torcer para que a edificação não desabe de uma só vez.
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