Deputado Cleonâncio Fonseca: "Eu mesmo aplico a minha insulina de manhã e de noite"
O deputado Cleonâncio Fonseca (PP-SE) mede o nível de glicose no sangue pelo menos duas vezes por dia. Essa também é a quantidade de vezes que o médico recomenda que ele tome insulina. Um dia que o deputado não observe qualquer uma desses procedimentos, o tratamento pode ficar comprometido. Mas Cleonâncio é um privilegiado. Não por ser político. E sim porque não depende do Sistema Único de Saúde (SUS) para se tratar. O parlamentar tem o que os médicos consideram a convivência ideal com a diabetes porque é responsável com sua alimentação, faz exercícios físicos e por ter acesso ao auto-monitoramento de glicose e à auto-aplicação da insulina. Tudo sem precisar sair de seu gabinete, no oitavo andar do Anexo 4 da Câmara dos Deputados. "Eu mesmo aplico a minha insulina de manhã e de noite", afirma.
Um projeto de lei que está em fase final de tramitação no Congresso Nacional vai dar aos mais de 10 milhões de brasileiros que têm diabetes atualmente no país o direito ao mesmo tratamento que o deputado. A proposta foi aprovada por unanimidade no Senado e já passou por todas as comissões da Câmara, sendo que a última delas foi há cerca de um mês, apesar da crise política que mobiliza o Legislativo. A ausência de vozes dissonantes entre os parlamentares é uma mostra da importância do projeto. Tanto que até o governo, sempre resistente ao aumento de despesas, aprova a futura obrigatoriedade.
Distribuição gratuita Pelo texto, todos os insumos e medicamentos necessários para se tratar a diabetes devem ser distribuídos gratuitamente pelo SUS. Atualmente, de acordo com Rosa Sampaio, coordenadora da Política Nacional de Hipertensão e Diabetes do Ministério da Saúde, além da insulina mph, a mais comum, o governo distribui dois medicamentos - metiformina e glibeclamida - para diabetes tipo 2, que atinge 90% dos pacientes. Os dois servem para diminuir a resistência à insulina.
Ficam de fora da distribuição do SUS , por exemplo, o glicosímetro, que mede a glicose, e as tiras que são usadas junto ao aparelho. O glicosímetro custa pouco mais de R$ 110 e a caixa com 50 fitas, que dá para um mês, custa outros R$ 100. "Não é para qualquer um. O SUS precisa distribuir ou pessoas continuarão a ficar cegas, perdendo membros inferiores ou morrendo do coração", alerta o Fadlo Fraige Filho, presidente da Associação Nacional dos Diabéticos (Anad) e da Federação Nacional das Associações de Diabetes (Fenad)
Segundo Fadlo, o paciente com diabetes deve ter o mesmo tratamento daqueles com Aids ou câncer, já que também se trata de uma doença crônica. Os pacientes dessas doenças já têm o direito aos medicamentos garantido em lei. "O diabetes registra mais casos no Brasil do que a Aids. São cerca de 10 milhões, contra 600 mil", calcula.
Além do glicosímetro, Fadlo explica que faz parte da demanda dos doentes de diabetes a distribuição do novo tipo de insulina, que mantém a glicose controlada de forma equilibrada durante todo o dia, e a bomba, instrumento que injeta no corpo, por meio de um catéter, a insulina o tempo todo. "As pessoas conseguem o direito de usar bomba na justiça quando é necessário. Esta briga seria dispensável se o SUS distribuísse a bomba quando o médico julgasse fundamental para o tratamento", explica Marisa Helena Coral, presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).
Apoio oficial Rosa Sampaio, da Saúde, admite que o custo da aprovação do projeto será alto. "Pode ser caro a curto prazo porque (o governo) vai ter que comprar o glicosímetro, as fitas e educar a população a usar o material", afirma. "Mas as complicações em decorrência da doença são muito mais onerosas ao Estado. A sociedade paga hoje as cegueiras, as amputações e sobretudo as doenças cardiovasculares, principal causa de mortalidade no Brasil."
A coordenadora da Política Nacional de Hipertensão e Diabetes explica que, pelo menos por enquanto, não se sabe quando custaria a ampliação da distribuição dos aparelhos e a capacitação dos doentes. "Sendo lei, a gente vai ter que arrumar dinheiro. E temos que pensar que não será um gasto, mas um investimento", argumenta.
Com relação aos novos medicamentos e à bomba de insulina, Rosa Sampaio é mais cautelosa. "Todo dia aparece algo novo, mas temos que saber até onde os novos remédios são benéficos." Como são procedimentos muito caros, de acordo com ela, uma comissão do Ministério da Saúde vai analisar se os novos medicamentos e insumos podem entrar no protocolo de medicamentos de alto custo.
Cuidados à mesa
Incorpore à dieta habitual a maior quantidade possível de alimentos ricos em fibras, tais como frutas com casca e verduras
Diminua a quantidade de gorduras, como óleo, manteiga e creme de leite; e de carboidratos, como massas e doces
Prefira alimentos grelhados e cozidos
Evite comer fast food, dê preferência aos alimentos de preparação mais caseira
Diminua a quantidade total de alimentos de cada refeição
Faça mais refeições ingerindo menos calorias de cada vez que permite uma digestão mais fácil
Evite comer em pé ou vendo televisão. É importante concentrar-se na refeição
Utilize leite e derivados desnatados ou light e prefira as carnes magras
Tome cuidado ao escolher o que será comprado no supermercado para não ficar tentado a fugir da dieta
Controle-se na hora de comer uma sobremesa mesmo que seja diet ou light: comer o dobro pode significar o mesmo que um doce calórico Fonte: Sociedade Brasileira de Diabetes