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A OBSERVÂNCIA DE PRINCÍPIOS - Márcio Accioly

A decisão do TSE (afastando o titular de então), não aconteceu, porém, com base nos desmandos da gestão Flamarion Portela (2004-05). Adveio na constatação anterior de abuso de poder econômico nas eleições de 2002. Os novos crimes ainda são apurados.


Quando o governador de Roraima, Ottomar de Sousa Pinto (PSDB), assumiu em novembro de 2004, a situação geral do Estado poderia e deveria ser classificada como "caótica". Algumas vozes conscientes se levantavam, torturadas na impotência, até que o TSE - Tribunal Superior Eleitoral -, contrariou decisão inicial do TRE local.
Vivia-se clima de desespero, não apenas em função da roubalheira generalizada (com notas frias circulando na maioria dos órgãos diretos e indiretos da administração), mas por conta da ausência de quase nada ou coisa nenhuma no sentido de se mudarem os rumos em direção à derrocada. Porque a derrocada aparentava ser o próprio objetivo.
A decisão do TSE (afastando o titular de então), não aconteceu, porém, com base nos desmandos da gestão Flamarion Portela (2004-05). Adveio na constatação anterior de abuso de poder econômico nas eleições de 2002. Os novos crimes ainda são apurados.
A ausência de condições efetivas para o funcionamento do nosso Judiciário (aliada a outros males), procrastina decisões importantes muito além do suportável. Some-se a isso a vocação humana para a contemplação inercial dos fatos, e teremos fórmula inexcedível: o polonês Nicolau Copérnico (1473-1543), até hoje não foi absolvido pela Igreja.
Quem não se lembra da Maternidade Nossa Senhora de Nazaré, com seus corredores e quartos cheios de entulho, caliça, restos de obra? Da falta de medicamento nos hospitais, do desespero de quem buscava socorro médico, do descalabro puro e simples?
A saúde, cuja melhoria se percebe visivelmente, está ainda aquém das necessidades da população, porque o município de Boa Vista não cumpre a sua parte. Há de se repetir, sempre, para que se grave na memória com o ferro em brasa do desdém: Boa Vista é a única capital brasileira a não possuir pronto-socorro municipal.
Se a questão da saúde no plano estadual deixa muito a desejar (um ano de providências não curam feridas de dez anos), quando se observa a capital o desamparo é de cem por cento. Por conta disso, os hospitais estaduais vivem superlotados, sobrecarregados, numa unidade federativa em que as carências são de enlouquecer.
E na politicagem que se pretende fazer, num clima de permanente corrida eleitoral (em busca das burras do erário), confunde-se o respeitável público na desinformação e na verborragia, verborréia, logorréia, no regurgitar de frases mal construídas e destituídas de sentido.
E até o Tribunal de Contas do Estado, instituição que já teve conselheiros apontados em esquemas de gafanhotagem e desvios explícitos de recursos públicos (o dinheiro se traduzia como "folhas de compensado"), resolveu criar problemas pelo lado mais difícil, fazendo chicana, ou expondo alguns de seus membros em tarefa não condizente.
Os homens passam, as instituições ficam. A crise que o Brasil atravessa é fruto da ausência de instituições sólidas que sirvam de exemplo ou parâmetro. Criou-se a cultura da chantagem, da bandidagem, da covardia sem nenhum pudor. O Estado patrimonialista que Portugal nos impôs, aí se encontra na adequação do tempo.
O que se está legando às gerações futuras é o que existe de mais vergonhoso e sórdido! Se a desonra de grande parcela de nossas chamadas "autoridades" nunca foi muita, o saldo agora é extremamente negativo. A hora da cobrança poderá não se alongar.
De sorte que o instante requer solidariedade e união em torno de princípios e de alguns valores. Não se tem como reduzir necessidades à chantagem e ao menosprezo.
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