- 06 de novembro de 2024
Raimundo Garrone
Especial para O GLOBO
SÃO LUÍS. Outro padre do Maranhão pode estar envolvido com a pedofilia. Em depoimento ontem na Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente, um dos dois menores que estavam com o padre Félix Barbosa durante sua prisão em um motel, na madrugada de sábado, em São Luís, no Maranhão, disse que um outro padre tentou seduzi-lo.
- Eu nesse dia não fui com o Félix. Entrei no carro de um outro padre, que começou a me alisar, passar a mão em mim e me levou para lanchar - disse o menor.
A delegada Ana Carla Silvestre disse que já está investigando os casos, e que vai chamar o outro padre para prestar esclarecimentos. Os depoimentos dos garotos aumentaram as suspeitas de que outros padres estão envolvidos com o aliciamento de menores no Maranhão. O padre Félix foi preso num motel com quatro garotos, dois deles adolecentes. Durante a prisão, Félix teria dito que outros dez padres também faziam sexo com garotos.
Depois da prisão do padre Félix, a DPCA tem recebido várias denuncias. Ontem três adolescentes procuraram espontaneamente a delegacia para falar dos casos do padre preso.
- Ele se apresentava como Felipe e professor de filosofia, e gostava de ver os rapazes fazendo sexo. Quando descobri, através de um amigo, que ele era padre, e perguntei por que ele fazia aquilo, e ele respondeu que sentia muita solidão e era carente.
Os adolescentes também revelaram que Félix chegou a ir três vezes ao caixa eletrônico em uma única noite de farra.
- Ele gostava de mostrar que tinha dinheiro.
Uma outra tática do padre para seduzir os menores era levá-los a concessionárias.
- Ele nos levava e nos mandava escolher um carro, que depois nós iríamos ganhar - disse um dos garotos.
O padre Félix continua em "residência particular, onde recebe acompanhamento psicológico", segundo nota divulgada na noite de segunda-feira pela Arquidiocese de São Luís. A Arquidiocese não se manifestou ontem sobre as novas denúncias e nem sobre o depoimento do próprio padre Félix, que teria dito que o arcebispo de São Luís, Dom Paulo Ponte, sabia de suas opções sexuais.