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COMUNICAÇÕES - Sobra dinheiro, mas falta computador

O principal projeto de inclusão digital da população começou cambaleante. Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal anunciaram ontem a abertura definitiva de linhas de crédito para a compra de computador.


Mariana Mazza
Da equipe do Correio

O principal projeto de inclusão digital da população começou cambaleante. Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal anunciaram ontem a abertura definitiva de linhas de crédito para a compra de computadores populares de até R$ 1,4 mil, dentro do programa PC Conetado, rebatizado de Computador para Todos. O dinheiro está disponível, mas faltam computadores nas prateleiras. As únicas três montadoras habilitadas até agora para fornecer os PCs assumem que ainda não colocaram à venda os equipamentos. O motivo da quebra no cronograma foi o fim da validade da Medida Provisória 252, a MP do Bem.

A MP garantia a isenção dos tributos PIS e Cofins na fabricação de computadores de até R$ 2,5 mil. O benefício ainda está valendo para os fabricantes pois foi incorporado à MP 255, que deverá ser sancionada em breve. Mas, a turbulência causada pela queda da MP do Bem abalou a confiança dos grandes fabricantes. "O que nós percebemos foi uma procura significativamente mais baixa do que esperávamos pelas autorizações", afirma o secretário-executivo do Ministério de Ciência e Tecnologia, Luis Manuel Rebelo Fernandes, responsável pelo cadastramento das empresas.

Apenas as empresas Positivo Informática, Epcom Eletrônica e Login Informática foram habilitadas até agora para montar os computadores populares. Mais sete empresas devem ser autorizadas nos próximos dias. A expectativa do ministério era de uma procura, pelo menos, três vezes maior. O secretário não tem dúvidas de que a MP do Bem foi a culpada pela decepcionante procura. "A queda da MP 252 minou o programa, sim", avalia Fernandes.

O diretor comercial da Login, Carlos Valadares, disse que a empresa tem pressa em colocar o equipamento à venda. Mas, ainda assim, o consumidor terá que esperar um pouco mais. "Em cerca de oito dias, nosso computador estará disponível", garante o diretor. Já a Epcom espera que até o dia 10 de novembro seu PC esteja no mercado. A Positivo não informou seu cronograma.

Sem computador popular, as linhas de crédito do BB e da Caixa existem, mas não podem ser usadas. A expectativa dos bancos e do governo é que em 15 dias, no máximo, o projeto comece a andar de verdade. Os clientes dos dois bancos terão mais facilidade em conseguir financiar seus computadores de até R$ 1,4 mil. Quem estiver com os dados atualizados nas instituições e demonstrar condições de arcar com o pagamento mensal do financiamento terá crédito pré-aprovado no programa.

Para quem não é cliente, será necessário abrir uma conta em um dos bancos para ter acesso ao empréstimo, viabilizado pelo Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). Nestes casos, o banco pode levar até 30 dias para liberar o dinheiro. O financiamento pode ser feito em até 24 meses, com juros de 2% ao mês. Para os clientes do BB, tudo será automático, por meio dos cartões de débito com bandeira Visa. "É difícil prever quantos interessados aparecerão. Esse é um processo em que a demanda da população é que vai estimular o comércio", analisa o diretor de Varejo do BB, Paulo Bonzanini. Mais de 14 milhões de correntistas têm, desde ontem, o novo crédito pré-aprovado do banco.

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