NO CONGRESSO - 'Beijaço' contra o preconceito sexual
NO CONGRESSO - 'Beijaço' contra o preconceito sexual
A novela América da TV Globo terminou, mas o capítulo do "não-beijo gay" continua. Grupos da comunidade homossexual reunidos em Brasília promoverão hoje, às 15h, um "beijaço" em frente ao Congresso Nacional, contra a censura do Globo em vetar a cena.
Ato em Brasília: protesto é contra não exibição de beijo gay em novela
A novela América da Rede Globo terminou no fim de semana, mas o capítulo do "não-beijo gay" continua. Grupos da comunidade homossexual reunidos em Brasília promoverão hoje, às 15h, um "beijaço" em frente ao Congresso Nacional. A concentração será em frente a Catedral de Brasília de onde seguirão em marcha até o Congresso. O protesto contra a emissora é por não ter veiculado a esperada cena do beijo entre os personagens Junior (Bruno Gagliasso) e o peão Zeca (Erom Cordeiro).
O "beijaço" marca o início do XII Encontro Brasileiro de Gays, Lésbicas e Transgêneros. As reuniões ocorrem na Câmara dos Deputados e vão até sexta-feira. Cerca de 500 ativistas de todo o Brasil vão discutir com os parlamentares a implementação de políticas governamentais contra a discriminação e reivindicar ações de combate ao preconceito.
O ato público não estava na programação inicial, mas foi incluído após a exibição do capítulo de América. "É um recado ao Brasil. O "beijaço" dos atores globais não saiu porque as pessoas se manifestaram de forma preconceituosa", afirma Kaká Verdade, do movimento lésbico brasiliense Coturno de Vênus. A escritora da novela, Glória Perez, tratou de se justificar com os grupos homossexuais alegando que existiam duas cenas e a decisão de não veiculação do beijo foi da emissora. "Beijaço é melhor que panelaço", ponderou a dramaturga ao tomar conhecimento dos protestos programados pelos gays. Esta é a segunda vez que os militantes homossexuais ocupam a rampa do Congresso para realizar protesto. Em junho, um grupo de gays e lésbicas estenderam uma bandeira arco-íris no prédio para exigir igualdade de direitos.
Na semana passada, as vésperas da esperada cena do beijo ir ao ar, pesquisas de audiência apontavam que o percentual de telespectadores contrários ao desfecho era de 52% contra 48% a favor. Para o presidente da organização não-governamental (ONG) Estruturação, Welton Trindade, o número não justifica a censura. "Eles (Rede Globo) sabem o que é Ibope. Não cabe a desculpa de tirar a cena por pressão social", diz.
A ONG Estruturação está à frente da organização do evento. "É a primeira vez que o evento ocorre em Brasília. É bom que seja aqui porque o protesto toma dimensão nacional", avalia Welton. Durante os quatro dias de encontro, os ativistas vão concentrar esforços para exigir a aprovação da criminalização da homofobia e a legalização da união civil. Dois projetos sobre o assunto tramitam na Câmara dos Deputados.
Ontem, reunião da Câmara Técnica de segurança pública para a população de gays, lésbicas e transgêneros, ligada ao Ministério da Justiça, avaliou o aumento da violência contra homossexuais. O grupo decidiu recomendar à Câmara agilidade na votação do projeto de lei nº 5003/01, da deputada federal Iara Bernardi (PT - SP), que prevê a criminalização da homofobia.. "O Brasil lidera o ranking internacional de crimes cometidos contra gays. Temos registros policiais de mais de 10 lideranças homossexuais assassinadas nos últimos meses", diz Marcelo Nascimento, presidente da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas e Transgêneros.