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Mestrinho teme que seca sirva para engessar a Amazônia

"O que não pode ocorrer é tentarem culpar o desmatamento como causa para a estiagem, e continuarem querendo engessar o desenvolvimento da Amazônia; essa é a grande questão que devemos avaliar e discutir para que a Amazônia continue verde, com as águas dos rios em abundância".


Brasília - O senador Gilberto Mestrinho (PMDB-AM) voltou hoje (16) a desmentir as causas da grande estiagem nos rios do Amazonas, que segundo cientistas e pesquisadores do clima no globo terrestre, o fenômeno estaria ligado ao aquecimento global, em decorrência dos desmatamentos na Amazônia. "Essa estiagem, e não seca dos rios, não é provocada pelos desmatamentos, mas por um fenômeno que poucos conhecem, que ocorreu há 42 anos, quando não havia desmatamentos e a população da Amazônia era a metade da atual", disse o senador Gilberto Mestrinho, da tribuna do Senado Federal, ao fazer o que chamou de uma radiografia da situação crítica, em que vivem as populações ribeirinhas do Amazonas.

A estiagem dos rios do Amazonas, na visão do senador, está ocorrendo por vários fatores, que precisam ser melhor estudados pelos cientistas, antes de eles fazem afirmações sem fundamento de fenômenos naturais que só ocorrem na Amazônia. A seca dos rios ocorrem todos os anos, com maior ou menor intensidade conforme o degelo dos Andes. "Se as geleiras andinas sofrerem um grande degelo, haverá uma grande enchente dos rios; se houve menor degelo, haverá a seca dos rios, a estiagem que ocorre todos os anos", ponderou Gilberto Mestrinho. "O que não pode ocorrer é tentarem culpar o desmatamento como causa para a estiagem, e continuarem querendo engessar o desenvolvimento da Amazônia; essa é a grande questão que devemos avaliar e discutir para que a Amazônia continue verde, com as águas dos rios em abundância".

Aquecimento

Mestrinho tem sustentado que o desmatamento na Amazônia ao longo das últimas décadas não teve a participação do homem da região. Não se falava também em aquecimento global."Não podemos admitir que criem causas para essa estiagem, que não existem. Queremos que os cientistas observem os fenômenos naturais que ocorrem em outras regiões do mundo, como terremotos, maremotos, os incêndios na Europa, em Portugal, na Califórnia, onde não se tem notícia de que tenha havido desmatamento", disse Mestrinho.

Segundo ele, na grande estiagem do início do século passado, a Amazônia era um grande vazio e não havia desmatamento; o mesmo ocorreu na estiagem de 1963, há 42 atrás. "Nas duas grandes estiagens, não havia desmatamento. E por que houve a grande seca dos rios? É por isso que é necessários que estudemos esses fenômenos da natureza para não encontrarmos causas que possam prejudicar o desenvolvimento da Amazônia", insiste Mestrinho.

O senador Gilberto Mestrinho informou que o governo do Amazonas está trabalhando para minimizar a grave situação enfrentada pelas populações ribeirinhas, atingidas pela seca dos rios da região. "O governador Eduardo Braga, com a colaboração do Exército, da Marinha e da Aeronáutica está trabalhando, tomando medidas para atender às populações que enfrentam sérias dificuldades, de isolamento, porque os rios são as grandes estradas por onde escoa a produção extrativa, e por onde se faz a comunicação entre as populações".

Mestrinho sugeriu que os cientistas trabalhem para estudar melhor, de forma realista, as causas dos terremotos, dos maremotos, das tempestades tropicais, dos incêndios de florestas na Europa, por exemplo, que têm assolado regiões do globo terrestre. "O que não queremos é que inventem causas para essa estiagem que têm outra conotação, a de engessar o desenvolvimento da Amazônia", diz Mestrinho, ao enumerar três fazes de maior desmatamento na Amazônia: a criação de grandes pastagens no Sul do Pará, com o apoio do Banco Mundial e do governo brasileiro, "para atender aos interesses de países da Europa, após a guerra, que se precisavam de carne de boi para alimentar a sua população".

Numa segunda faze dos grandes desmatamentos, diz Mestrinho, o governo brasileiro estimulou a migração de famílias do Sul para Rondônia, onde seria formada uma nova fronteira agrícola no País, como uma grande produtora de café e cacau; e uma terceira, quando se buscou reorganizar os seringais nativos, já improdutivos, no Acre. "Foi quando se venderam seringais improdutivos por até três vezes o valor da terra. O Banco do Brasil pagava até três vezes, e o que se viu foi os seringais serem transformados em pastagens, culminado com a morte de Chico Mendes".

Por fim Mestrinho criticou a atuação de organismos federais na Amazônia, por desconhecerem a realidade da região. "Ninguém conhece a Amazônia, a não ser a ministra Marina da Silva, porque nasceu no Acre. O presidente do Ibama, doutor Marcos Barros, excelente médico de doenças tropicais, não tem sido feliz em suas investidas na Amazônia", criticou Mestrinho.

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