- 07 de novembro de 2024
Os fatos já não causam tanta empolgação, no município do Cantá. Em especial no que diz respeito à situação do prefeito Zacarias Assunção (Prona). Eleito com dois mil e 48 sufrágios, quando suplantou as candidaturas de Mauro da Rocha Freitas (PTB) e Francisco Alves Lima (PL), Zacarias tornou-se, no espaço de poucos meses, mera decepção.
A vereadora Maria de Castro (PTB) está recolhendo assinaturas para a instalação de CPI, baseando-se em ato de corrupção deslavada. Já foi efetuada denúncia ao Ministério Público Estadual. O assunto foi também levado à Procuradoria da República em Roraima e à Polícia Federal.
Em janeiro deste ano, logo depois de ser empossado, repassou-se à administração uma verba de quase 32 mil reais, proveniente da Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico). O nome é pomposo, mas nada ali funciona como deveria. Trata-se de um imposto sobre combustíveis a ser aplicado na recuperação de estradas.
Maria de Castro constatou a emissão de duas notas fiscais, em total aproximado de 23 mil reais, para pagamento de recuperação de vicinal sem que se efetuasse o trabalho. O pior de tudo foi verificar que as notas emitidas, em datas separadas, destinavam-se ao mesmo serviço. Comprovou-se duplo pagamento indevido (um bi-roubo, ou roubo-bi).
Além disso, pagamentos de gratificação oriundos do Fundef, cujo objetivo é garantir a aplicação de recursos públicos na educação (principalmente no ensino fundamental), estariam sendo encaminhados a servidores municipais que nada têm a ver com a situação. Se levadas às últimas instâncias, tais ações podem resultar no afastamento de Zacarias.
É inacreditável que se permita a eleição de pessoas inteiramente despreparadas para o exercício de mandatos eletivos. O dinheiro público é uma farra permanente, com cada qual querendo arrancar seu pedaço ou quinhão. Daí, não se ter saúde nem estrada, educação ou investimento. Os mandatários, na maioria, querem é se locupletar.
Os desmandos são generalizados! Eles vão desde as capitais mais avançadas, onde reside população em tese mais consciente, até alcançar os mais distantes rincões das unidades federativas. Na confirmação de sentimento de desesperança e absurdidade. Basta ver o exemplo maior, Paulo Maluf, modelo de assaltante desenvolvido.
A solução possível, como certa vez sugeriu o ex-prefeito de Boa Vista (1974-78) Júlio Martins (PFL), seria instalar Escola de Administração em cada estado, preparando-se profissionais do setor público. Mas antes teria mesmo era de se colocar na cadeia os que hoje carregam recursos financeiros da população, dando-se um basta à patifaria.
Diante da série de escândalos que perpassa o Brasil de Norte a Sul, vez por outra vemos na Internet sugestões factíveis e outras incabíveis. Uma delas propõe o voto nulo, erro dos mais crassos. Na falta da participação de pessoas de bem, observamos a ascensão de nulidades.
O cenário não exige voto nulo, mas o engajamento dos cidadãos. É preciso cobrar medidas efetivas, evitando-se a ruína. Vez por outra, tomamos conhecimento de atos de violência em que a população desiludida invade prédios públicos e quer fazer justiça com as próprias mãos.
É preciso defender os interesses da sociedade, através de instrumentos legais disponíveis. A população do Cantá deve estar atenta ao desenrolar dos procedimentos, cobrando todos os seus direitos no exercício pleno da cidadania.
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