- 07 de novembro de 2024
O senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR) protestou, nesta quarta-feira (5), contra a prisão de dois tuxauas (caciques) em Boa Vista, acusados de incendiar áreas pertencentes à Igreja Católica na vila missionária Surumu, localizada na Aldeia Raposa Serra do Sol. No dia 17 de setembro, cerca de 150 homens armados e encapuzados atearam fogo ao hospital, à capela e ao centro de formação cultural da comunidade, episódio ocorrido às vésperas da festa em comemoração aos cinco meses de demarcação da aldeia.
- Estive ontem na Polícia Federal e depois na carceragem para visitar os índios. Deles, ouvi que não participaram do incêndio. Não haveria sentido nessa participação, uma vez que, há décadas, eles demonstram suas posições contrárias à demarcação dentro da lei - considerou.
O senador por Roraima atribuiu o acontecimento à maneira pela qual foi feita a demarcação da aldeia. Ele observou que conflitos dessa natureza já tinham sido previstos no relatório apresentado pela comissão externa do Senado, a qual presidiu, contrário à demarcação contínua da área. Segundo acrescentou, o relatório foi desconsiderado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que homologou a demarcação contínua da área em 15 de abril, seguindo orientação do ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos.
Mozarildo comentou ainda ter encaminhado ao presidente da República sugestão de novo decreto presidencial para alterar pontos na demarcação, a fim de pacificar a região e evitar novos conflitos. No documento, ele sugere a exclusão da demarcação das vilas do Mutum, Socó, Água Fria e Pereira (Surumu) das atuais propriedades produtoras de arroz, das áreas tituladas pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), dos imóveis com propriedade ou posse anterior ao ano de 1934 e da faixa de 15 quilômetros ao longo da fronteira do Brasil com a Guiana e a Venezuela.