00:00:00

'NÃO FUI EU!

O ex-prefeito de São Paulo, Paulo Maluf, se entregou, no início da madrugada deste sábado, à Polícia Federal. Ele chegou à sede da Superintendência da PF por volta de 0h20, depois de ter o pedido de prisão preventiva aceito pela juíza Silvia Maria Rocha, da 2ª Vara Criminal de São Paulo.


Folha de S. Paulo

O ex-prefeito de São Paulo, Paulo Maluf, se entregou, no início da madrugada deste sábado, à Polícia Federal. Ele chegou à sede da Superintendência da PF por volta de 0h20, depois de ter o pedido de prisão preventiva aceito pela juíza Silvia Maria Rocha, da 2ª Vara Criminal de São Paulo.

Abatido, Maluf se recusou a dar entrevistas. Ele chegou à sede da PF em um Santana preto, acompanhado por advogados e seguranças.

A juíza entendeu que Maluf, em liberdade, poderia atrapalhar o andamento do processo, ocultar provas e coagir testemunhas.

Além do pedido de prisão, a juíza aceitou, na noite desta sexta-feira, todas as denúncias do Ministério Público contra o ex-prefeito, seu filho, Flávio Maluf, o doleiro Vivaldo Alves e o ex-diretor da construtora Mendes Júnior Simeão Damasceno de Oliveira. Os quatro passam a ser réus de crimes de formação de quadrilha, corrupção passiva, lavagem de dinheiro e evasão de divisas. A soma das penas mínimas é de 8 anos de prisão. Flávio também teve a prisão preventiva decretada. A expectativa é que ele também se entregue à PF ainda neste sábado.

Rogério Cassimiro/FI
O ex-prefeito Paulo Maluf
O ex-prefeito Paulo Maluf
Para o Ministério Público Federal, as escutas telefônicas revelam que o ex-prefeito e o filho tentaram impedir o depoimento do doleiro Vivaldo Alves, o Birigüi.

O doleiro, apontado como operador do dinheiro dos Maluf no exterior, disse ter movimentado pelo menos US$ 161 milhões por meio da conta Chanani, do Safra National Bank de Nova York (EUA). Ele afirmou que todo o dinheiro era de Maluf e de seu filho.

Segundo Oliveira, o dinheiro que abasteceu contas dos Maluf no exterior foi desviado de obras públicas durante a gestão dele na Prefeitura de São Paulo (1993-1996).

Oliveira e Birigüi também foram denunciados ontem pela Procuradoria: o primeiro por ser o operador do dinheiro no exterior e o segundo por ser responsável pela divisão da propina.

Para o doleiro, a Procuradoria pediu a delação premiada (redução da pena), porque ele ajudou a investigação (forneceu nomes, números e valores de contas). As informações de Birigüi foram confirmadas, com precisão de centavos, pelo banco Safra.

Apesar de a Polícia Federal ter solicitado também a prisão do ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta (1997-2000), a Procuradoria entendeu que o caso deve ser investigado em outro inquérito que já está em andamento.

Grampos

Pelas conversas gravadas que embasam o pedido de prisão dos Maluf, Flávio telefonou ao menos três vezes para o doleiro, a quem convidou para uma conversa.

Num dos diálogos, Flávio, após referir-se a Birigüi como "amigo", pediu que não se esquecesse da conversa que tiveram. "Garanto o que conversamos, e a forma, entendeu? É o melhor para você. Te garanto. Te garanto. Você entendeu? Confia em mim."

Num outro diálogo, desta vez com seu pai, Flávio disse qual era a orientação ao doleiro. "Entra mudo e sai calado".

O suposto suborno teria sido feito por um dos advogados de Maluf durante reunião marcada a pedido de Flávio com o doleiro.

A assessoria de imprensa de Maluf considerou normal a decisão da juíza e disse que as partes vão tentar comprovar à Justiça quem é inocente ou culpado.

Últimas Postagens