QUESTÃO FUNDIÁRIA - Lideranças políticas apóiam decisão de Ottomar

Luiz Valério
Colaborador do Fontebrasil
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A decisão anunciada ontem pelo governador Ottomar Pinto (PTB) de que vai entrar na Justiça requerendo o repasse das terras da União para o domínio do Estado recebeu o apoio de várias lideranças políticas locais. Todos os ouvidos pelo Fontebrasil foram unânimes ao afirmar que não dá mais para esperar pela boa vontade do governo federal para que o repasse das terras seja feito.

O senador Mozarildo Cavalcanti (PTB) é um dos que entendem que somente será possível resolver esse impasse pela via judicial. O parlamentar afirma que há muito tempo esgotou a paciência com o governo federal e que também foram esgotadas todas as possibilidades de diálogo para uma solução amigável.

"O governo federal já demonstrou toda a sua falta de vontade. Ele só não resolveu o problema das terras como ainda homologou a Raposa Serra do Sol e outras cinco pequenas reservas indígenas", frisou. Ele lembrou que Ottomar Pinto, ao assumir o governo, ainda tentou sanar a questão pela via amigável sem encontrar guarida no âmbito do governo Lula, que só conversou e nada fez.

Citou ainda o exemplo o ex-governador Flamarion Portela que entrou no PT por ter recebido a promessa que o problema fundiário seria resolvido, o que não aconteceu. Disse ainda que a ministra da Casa Civil Dilma Roussef se comprometeu em tentar encontrar uma solução para a questão, mas ele acredita que a representante do governo Lula não terá forças para vencer o ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos dentro do governo.

Os deputados federais Chico Rodrigues (PFL) e Suely Campos (PP) também estão de acordo com a decisão do governador. Para Rodrigues, o governo federal tem se mostrado "incompetente, irresponsável e indolente", no que diz respeito ao assunto.

O parlamentar afirmou que Ottomar Pinto está certo em procurar dar uma satisfação à população. Ele disse entender que ingressar na Justiça é a medida mais correta a ser tomada. "Até porque do ponto de vista judicial essa é uma questão de fácil solução. Todas os pontos jurídicos e constitucionais já estão atendidos", afirmou.

Para a deputada Suely, esse briga só pode ser ganha na justiça. Não há outro jeito. Ela lembrou que o ex-governador Neudo Campos já ingressara na justiça em uma das suas gestões requerendo o repasse das terras. A ação foi retirada pelo também ex-governador Flamarion Portela, que tinha a garantia do governo Lula de que tudo se resolveria pacificamente. "Hoje só tem esse caminho, a justiça. Não há boa vontade por parte do governo para resolver esse nosso problema", disse Suely.

Dizendo-se um dos representantes de uma oposição responsável ao governador Ottomar Pinto, o deputado estadual Raul Lima (PSDB) vê a decisão de Ottomar Pinto como "um trabalho nobre, importante, necessário e imprescindível" para o desenvolvimento do Estado. Raul Lima afirmou que a princípio o Governo do Estado "prevaricou" no que diz respeito à questão.

"Os problemas havidos na Procuradoria-Geral do Estado [envolvendo o procurador Pedro Duque] atrapalhou bastante uma tomada de posição e criou problemas para Roraima. Mas, tendo-se em consideração que a esperança é a última que morre, qualquer coisa que se faça agora para tentar resolver de vez essa situação é louvável", opinou.

Líder da prefeita Teresa Jucá (PPS) na Câmara Municipal, a vereadora Lourdes Pinheiro, do mesmo partido, disse ao Fonte que o governador tem todo o seu apoio na empreitada. "Por mais tarde que possa parecer, nós nunca devemos cruzar os braços", afirmou. Desempenhando o seu sexto mandato na Câmara, Lourdes Pinheiro disse que essa medida já devia ter sido tomada há muito tempo. "É muito importante que busquemos solucionar o problema do repasse das terras para o domínio do Estado para que assim possamos nos desenvolver", observou.