00:00:00

Controle da Equatorial promete novos desdobramentos

Não é só de Justiça o caso da rádio Equatorial, que voltou a ser controlada pelo grupo do senador Romero Jucá. A Polícia Civil tem dois inquéirtos nas mãos dando conta de invasão de prédio e roubo de equipamentos da rádio, patrocinados por gente ligada ao senador. O sócio minoritário, José Renato Haddad, afirmou que vai recorrer da decisão do desembragador Robério Nunes dos Anjos.


Luiz Valério
Colaborador do Fontebrasil
[email protected]

Alguém já viu o empresário José Renato Hadad chorando? Pois bem, a novela que envolve a disputa pela direção do Sistema Imperial de Comunicação - Rádio Tropical e TV Imperial - está mexendo com a aparente dureza do antes inabalável Hadad. Depois de reassumir o comando das empresas de comunicação, por força de liminar expedida pelo juiz Mozarildo Cavalcanti, e em menos de 24 horas vê-la retornar para as mãos do grupo do senador Romero Jucá, agora por decisão do desembargador Robério Nunes dos Anjos, endossada pelo presidente do Tribunal de Justiça, Mauro Campello, mexeu com seus nervos. Foi demais para Renato Hadad.

Na manhã desta segunda-feira, ao falar com a reportagem do Fontebrasil, Hadad deixou a postura imperiosa de sempre e chorou: "um homem com a minha idade - 77 anos - não merecia isso. Eu não sei porquê o senador [Romero Jucá], um homem poderoso como ele, faz uma coisa dessas comigo. Isso entristece qualquer pessoa", lamentou. O empresário disse que a briga na Justiça se deve ao fato de radialistas da Rádio Equatorial terem feito denúncias e críticas à administração da prefeita Teresa Jucá (PPS). Desde sábado, quando a justiça decidiu cassar a liminar expedida pelo juiz Mozarildo Cavalcanti, a direção da Rádio Tropical e TV imperial voltou para Emílio Surita, irmão da prefeita de Boa Vista.

Na tarde de sexta-feira, quando reassumiu a direção das emissoras, Hadad esteve no 1º Distrito Policial registrando boletim de ocorrência, no qual acusa os diretores ligados ao grupo de Jucá de apropriação indébita de alguns equipamentos vitais para colocar a Rádio Equatorial no ar. Teriam sumido microfones, partes integrantes do transmissor, como os excitadores de frequência, e câmeras de filmagem pertencentes à TV Imperial. Hadad disse que iria recorrer da decisão, tentando reaver o direito de reassumir a direção das emissoras, que estão sob a gestão de Alexandre Maurice, representante legal do irmão de Teresa Jucá.

O delegado Alberto Correia, que cuida do inquérito aberto para investigar a queixa feita por Renato Hadad, disse que esta não é uma situação fácil para se definir quem está com a razão. Trata-se, segundo ele, de uma disputa judicial e civil, que não se enquadra no Código Penal e que, portanto, terá que ser decidida na Justiça. "Ele [José Renato Hadad] alega que quando entregou a direção da rádio, ela estava funcionando normalmente e na sexta-feira, 2, quando recebeu de volta a emissora estava sem funcionar", relatou o delegado.

As seis testemunhas que acompanharam Hadad ao 1º Distrito Policial para prestar queixa, sustentaram que os equipamentos  foram retirados na quinta-feira, 1º de setembro, e na madrugada de sexta-feira. Exatamente no dia em que a direção retornou às mãos de Hadad, ainda que por menos de 24 horas.

"Quando o grupo da prefeita [Teresa Jucá] assumiu anteriormente a direção do Sistema Imperial também veio prestar queixa aqui na polícia", disse o delegado, salientando que essa questão foge da competência da Polícia Civil. "Nós vamos relatar o inquérito e encaminhar para o Ministério Público, para que ele se pronuncie", disse. "A solução será pela via judicial", afirmou o delegado. Na opinião de Alberto Correia, a disputa "é para saber quem é mais dono da emissora". "Em princípio, não há um crime penal [na acusação de sumiço dos equipamentos], mas um ilícito civil", enfatizou o delegado.

Renato Hadad disse que Juan Sragowicz não poderia ter repassado cotas da sociedade do Sistema Imperial para o empresário Emílio Surita, pois já havia vendido as ações que lhe cabia para o também empresário Marcelo Nogueira, atualmente morando em Brasília. Surita foi a Miami pegar a procuração para assumir a direção da rádio, conforme disse Hadad. "Meu sócio não era mais o Juan, mas sim o Marcelo. Um homem de 77 anos como eu não merece isso" repetiu.

O Fontebrasil tentou conversar com o advogado Marivaldo Bassal, que cuida dos interesses dos diretores da Rádio Equatorial ligados ao senador Romero Jucá, mas não conseguiu manter contato. O seu telefone celular esteve desligado durante todo o dia de ontem, nas tentativas feitas pela reportagem.

Últimas Postagens