- 12 de novembro de 2024
O cidadão Francisco Vieira Sampaio, mais conhecido como Chico das Verduras, poderá ficar em maus lençóis. Candidato a deputado estadual pela legenda do PRP - Partido Republicano Progressista (2002), surpreendeu ao se eleger através da pequena sigla, com um total de 972 sufrágios nominais, fruto de 0,569% dos votos válidos.
Acontece que, no ano seguinte (2003), a partir de janeiro, sua excelência entendeu que não deveria mais comparecer com a contribuição mensal obrigatória, cobrada pelo partido, estipulada em dez por cento do valor de seu salário. Não deu tratos à bola. Esqueceu por completo o compromisso assumido, permitindo que se acumulassem 14 meses de dívida (até fevereiro, inclusive), no ano de 2004.
Instado várias vezes a saldar o débito (talvez atarantado no deslumbre forte e farto do poder em que se viu investido), resolveu que tais apelos cairiam em ouvidos moucos. Mas foram poucos. Cometeu pecado que, até mesmo por força da profissão de origem, deveria ter evitado: pisou no tomate. E levantou a santa ira de antigos companheiros de jornada, ora esquecidos.
No último dia 10 de agosto, o Diretório Regional do PRP do estado, presidido por João Salazar de Oliveira, reuniu seus membros na deliberação do que fazer com o deputado das Verduras. De um total de 45 integrantes, 39 compareceram e o resultado foi desolador: todos contra e nenhum a favor. O parlamentar foi expulso da legenda que o abrigou e o elegeu. Foi expelido do prato onde comeu e no qual, sem dó, cuspiu.
Decidida a expulsão, eis que outro problema emerge: como notificar sua excelência? A tarefa, tida e havida como das mais simples, transformou-se em atropelo. O Primeiro Ofício de Notas registra que não se localizou o homem das verduras nos dias 19, 23 e 26 de agosto, apesar de este ser obrigado a comparecer às sessões legislativas no Palácio Antônio Martins.
Debalde foi também a tentativa encetada logo no primeiro dia de setembro. O Cartório novamente registrou. Imagina-se que sua excelência se encontre em lugar incerto e não sabido. A cada tentativa, o Cartório emite Certidão que encaminha ao PRP, dando conta do ocorrido. Para todos os fins, o homem está desaparecido.
O débito do deputado já alcança mais de 58 mil reais. Ele bem que foi comunicado a respeito da reunião da Comissão Executiva de seu partido (30/12/04), quando se estabeleceu multa de 50% sobre a dívida de parlamentar que não estivesse em dia, acrescendo-se 0,333% de juros diários. Virou uma bola de neve!
Tudo agora gira em torno de prazos. E a maioria dos partidos pequenos, bem como boa parte dos considerados maiores, entendem ser esforço incalculável carregar candidato que já detenha mandato, pois os acontecimentos nacionais e as recentes ocorrências na terra macuxi indicam gigantesca aversão a muitos dos que desejam ser outra vez ungidos.
Como dizem que um raio não cai duas vezes no mesmo lugar, o que lançou Francisco Vieira Sampaio no plenário da Assembléia Legislativa provocou clarão ofuscante e escapuliu por dutos perdidos. O presidente do PRP, João Salazar garante que tais fatos nos trazem lições que devem ser apreendidas. E argumenta que se o parlamentar não é capaz de cumprir compromissos assumidos, é porque pretende ser alijado e esquecido.
Depois do lusco-fusco, quando alcançou incríveis alturas, Francisco Vieira Sampaio ainda não notou a possibilidade de ter de voltar a ser, simplesmente, Chico das Verduras.
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