- 12 de novembro de 2024
Correio Braziliense
Simone Vasconcelos, diretora financeira da SMPB, uma das empresas de Valério, confirmou ter autorizado Marques a sacar em São Paulo o dinheiro em uma agência do Banco Rural. O ex-ministro terá de explicar o que o nome de seu amigo e auxiliar Roberto Marques fazia na lista de pessoas autorizadas a sacar dinheiro da conta da SMP&B, agência do publicitário Marcos Valério. O requerimento para convocação de Dirceu aguarda votação na CPI. O ex-tesoureiro Delúbio Soares e o ex-secretário-geral Silvio Pereira fizeram de tudo para livrá-lo do escândalo. Há duas semanas, o nome Roberto Marques apareceu na lista de sacadores e até hoje não existe uma prova de que ele realmente recebeu o dinheiro, pela ausência de um RG na autorização de saque. Porém, poucos parlamentares têm dúvida de que se trata de Bob. A tese dos oposicionistas é de que dificilmente Delúbio Soares e Silvio Pereira teriam montado um esquema de financiamento do PT e da base aliada como o que está aparecendo sem consentimento de seu chefe. "Delúbio, Silvinho, Roberto Marques são todos filhotes. Então está na hora do papai dizer o que esses seus filhotes andaram fazendo por aí", ironiza o deputado Eduardo Paes (PSDB-RJ). "Havia um zelo do PT e do governo com ele e isso vinha adiando a definição. Agora, não tem jeito", completa Paes. Data marcada Segundo Serraglio, o requerimento para convocação de Dirceu deve ser votado nesta terça-feira e o ex-ministro deve prestar depoimento na próxima semana. "Não tenha dúvidas sobre isso. Ninguém não vai deixar de ser ouvido. O Azeredo (senador e presidente do PSDB) se dispôs a ir na terça. A minha idéia era colocar os dois para a próxima semana. Até porque ele (Dirceu) vai ser ouvido na terça-feira (no Conselho de Ética), então na terça aprovamos o depoimento de Dirceu que deve ser marcado para outra terça ou quarta-feira", afirmou Serraglio. Simone Vasconcelos, gerente financeira da SMP&B, deve depor na CPI na quarta-feira. Para o relator da CPI, ela deveria adotar o mesmo método e identificar também outras pessoas que sacaram recursos das contas do Banco Rural. "Se ela não identificar quem levou o dinheiro, passa a ser o responsável e vai ter de pagar milhões de imposto de renda. É uma questão tributária", lembrou o deputado. A oposição não pretende abrir mão do depoimento do ex-ministro. Para o deputado Onyx Lorenzoni (PFL-RS), a convocação é irreversível, já que o próprio PT o teria abandonado, tentando satisfazer a oposição. "O Ricardo Berzoini, secretário-geral do PT, e outros menos notáveis no PT estão dispostos a entregar a cabeça do Dirceu sem nenhum pudor", diz Onyx. O deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) também disse que "é inevitável e imprescindível" José Dirceu ir à CPI esclarecer as suspeitas. Sampaio pretende pedir um exame grafotécnico para verificar se os nomes listados em alguns documentos apreendidos pela Polícia Federal foram escritos por pessoas que podem negar saber quem seriam os favorecidos pelos saques nas contas do empresário Marcos Valério. " A letra pode ser de Simone e, se isso for verdade, ela não vai poder dizer que não sabia para quem ia o dinheiro", afirma Sampaio (PSDB-SP), referindo-se à secretária do publicitário mineiro. Simone seria encarregada de distribuir o dinheiro trazido em malas para deputados da base de apoio do governo. Único parlamentar que participou das reuniões realizadas durante o fim de semana, no Congresso , entre técnicos da CPI, funcionários do Tribunal de Contas de União e do Banco do Brasil, Sampaio não quis revelar o nome dos possíveis beneficiados pelos saques. "Não posso dizer os nomes que estão nessa lista", afirmou o deputado, que também não quis informar a quantidade de pessoas que aparecem nos documentos. |
Simone fala na quarta da Redação Depois do depoimento que o deputado José Dirceu (PT-SP) prestará amanhã ao Conselho de Ética da Câmara (leia ao lado), o ponto alto da semana será a presença na quarta-feira, na CPI dos Correios, de Simone Vasconcelos, diretora financeira da SMPB, uma das empresas do publicitário Marcos Valério, acusado de ser o operador do mensalão. Simone já confirmou ter autorizado Marques a sacar em São Paulo o dinheiro em uma agência do Banco Rural. A diretora disse que confirmará a versão, que ligaria Dirceu ao esquema do suposto mensalão, em depoimento à Polícia Federal (PF) hoje, e à CPI dos Correios, na quarta-feira. A CPI dos Correios terá, a partir desta semana, quatro sub-relatorias para que os trabalhos possam ser agilizados e melhor organizados. As sub-relatorias serão: Administrativa, que cuidará da agenda e do encaminhamento dos trabalhos; de Depoimentos, encarregada de ouvir todas as pessoas envolvidas nas investigações até agora há 40 relacionadas; de Contratos e do Sistema Financeiro. Esta última ficará sob a responsabilidade do deputado Gusto Fruet (PSDB-PR) e analisará toda a movimentação financeira dos envolvidos. Segundo o presidente da CPI dos Correios, senador Delcídio Amaral (PT-MS), os primeiros relatórios parciais da CPI deverão ser divulgados em duas semanas. A partir desses relatórios parciais, a Justiça, garantiu, será acionada, porque a CPI terá a partir desta semana a participação de integrantes do Ministério Público. "Não podemos perder tempo", disse. Delcídio disse que uma dificuldade do trabalho da comissão é o "zunzunzun" e o "nhem-nhem-nhem" em torno dos trabalhos. Ele se queixou de que alguns colegas, para aparecer na mídia, fazem revelações sem ter a garantia da consistência da denúncia. Ele citou como exemplo a informação, mais tarde desmentida, de que um cheque de R$ 50 milhões, procedente de uma das empresas de Marcos Valério, teria sido sacado da boca do caixa de uma agência do Banco do Brasil em Brasília. Apesar disso, Delcídio garantiu que a CPI não terminará em pizza, desfecho que, observou, promoveria a "desmoralização" do Congresso. "A sociedade está nos acompanhando com a máxima atenção e cobrando resultados, e não vamos decepcioná-la", garantiu. A semana também será de muitos depoimentos na CPI dos Bingos. Amanhã, será ouvido Luiz Eduardo Soares, sociólogo e ex-Secretário Nacional de Segurança Pública no início do governo Lula. Na quarta-feira, Antônio Carlos Lino da Rocha, ex-presidente da empresa de tecnologia em informação, Gtech Brasil - empresa que desenvolve sistemas de informática para os jogos eletrônicos da Caixa Econômica Federal - vai depor. Junto com ele estarão Marcelo José Rovai, ex-diretor de Marketing da Gtech Brasil, e Enrico Gianelli, advogado da Gtech Brasil. Na quinta-feira é a vez de Rogério Tadeu Buratti e José Luiz do Amaral. Segundo os dirigentes da Gtech, no período da renovação do contrato com a CEF Waldomiro tentou fazer com que a empresa contratasse o Buratti para intermediar as negociações. |