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FHC: ''Lula é vira-casaca''

Ex-presidente critica a mudança de posição de Lula em relação à política econômica, afirma que país está desorganizado e que "há roubo e tem que ser apurado".Azeredo


O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso atacou ontem o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pela defesa feita da política econômica semelhante à que ele criticava no governo anterior. Segundo o ex-ocupante do Palácio do Planalto, o País está em crise por falta de diretriz. "Faltou acreditar em alguma coisa. A política econômica é a mesma que a minha, que ele sempre atacou. Agora, eu só o vejo louvando. Isso está errado. As pessoas devem ter posição na vida e não virar a casaca. O presidente Lula virou a casaca", declarou.
Em entrevista para a Rádio Eldorado, FHC afirmou que está preocupado com o rumo do Brasil, criticou o presidente Lula e avaliou que a situação do país é de desordem, pois falta diretriz. "Essa crise é muito desafinada. Aqui é tudo harmonia", disse o ex-presidente, referindo-se ao concerto do Festival de Inverno 2005, que assistia em Campos do Jordão.

Questionado sobre a necessidade de fazer um pacto de governabilidade entre governo e oposição, ele falou que é contra. "Nenhum de nós está fazendo nada que atrapalhe a governabilidade. O que está acontecendo é roubo. Roubo não tem o que fazer, tem que apurar o roubo. Não há risco nenhum para a governabilidade", sustentou.

FHC afirmou ainda que o presidente Lula não precisa ser blindado. "Só se ele tiver pecados. Eu não estou sabendo", disse. O ex-presidente, no entanto, fez questão de reforçar que não está preocupado com Lula. "Estou preocupado com o Brasil. Eu gostaria que ele tivesse agido melhor como presidente, que não fosse deixar o Brasil na situação em que está, de desorganização, de desordem administrativa. O presidente Lula, o problema é dele, não meu", disse Fernando Henrique.

Com relação ao esquema de financiamento da campanha para reeleição do tucano Eduardo Azeredo ao governo de Minas Gerais, em 1998, que, segundo denúncias, teria recebido recursos da SMPB Comunicação, do publicitário Marcos Valério, um dos principais investigados pela CPI dos Correios, o ex-presidente disse que o seu partido é favorável às apurações.

Mas destacou que não se deve misturar assuntos para que os erros do passado não sirvam de desculpa para deixar de apurar erros do presente. "Aquilo é um fato que eu acho errado, se ocorreu mesmo, lamentável, mas é diferente do que acontece agora, que é uma quadrilha que se organiza para tirar dinheiro público, para comprar deputados na Câmara. Isso tudo está provado. Provado ainda não, mas evidente", afirmou FHC. "O Eduardo Azeredo tem a mesma posição que o presidente Lula, ele não deu ordem a nada. Se for pegar o Eduardo Azeredo, tem que pegar o Lula também", completou. FHC passou o final de semana em Campos do Jordão, no Palácio Boa Vista, a convite do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin.


Nenhum de nós está fazendo nada que atrapalhe a governabilidade. O que está acontecendo é roubo. Roubo não tem o que fazer, tem que apurar o roubo

PPS fala em impeachment

O PPS divulgou ontem documento em que pede que todos os casos de corrupção sejam investigados até o final, mesmo que acabem em um julgamento contra o governante. A nota, assinada pelo presidente nacional do PPS, o deputado Roberto Freire, considera que o "impeachment" também faz parte, quando inevitável, do processo democrático.

Em seu comunicado, o partido condenou as conversas sobre o "acordão" para livrar suspeitos e sugere ainda a convocação de uma Assembléia Constituinte para uma reforma do regime de governo e do sistema político eleitoral

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